A psicóloga Maristela Temer, filha do presidente da República, disse à Polícia Federal, nesta quinta-feira (3), que recebeu ‘uma ajuda de camaradagem, amizade, quase familiar’ do coronel João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo de seu pai há muitos anos. Ela afirmou que foi a responsável pela obra e, para isso, recebeu ajuda financeira da mãe e também tomou empréstimo bancário. Declarou que não recebeu nenhuma ajuda em dinheiro do coronel ou da empresa dele, Argeplan.
Maristela depôs por cerca de quatro horas no inquérito da Operação Skala, que investiga o decreto dos Portos editado pelo presidente Michel Temer e um suposto esquema de propinas para o emedebista que teria sido operacionalizado pelo coronel Lima, dono da empresa Argeplan.
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O depoimento de Maristela foi tomado em uma sala da Delegacia da PF no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ela não foi indiciada pela PF. O delegado Cleyber Malta tomou o depoimento da filha de Temer na condição de testemunha.
A suspeita da PF é que despesas com a reforma da casa de Maristela – de 350 metro quadrados – teriam sido quitadas com valores em espécie supostamente oriundos de propinas arrecadadas pelo coronel Lima.
Maristela fez um relato detalhado sobre esse episódio. Respondeu a todas as perguntas do delegado. Afirmou que foi a responsável pelo pagamento da reforma. Alegou que tinha, e sempre teve, uma preocupação muito grande com o custo da obra. Sabia exatamente até onde podia ‘caminhar’ com as próprias pernas para bancar o empreendimento.
A filha do presidente contou que se valeu da ajuda da mãe, Maria Célia, no custo da reforma. Também fez um empréstimo bancário, por volta de 2013 e 2014, mas não se recorda especificamente se era para quitar uma despesa determinada da obra. Tomou o empréstimo por conta do gasto extraordinário da obra.
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Disse que a reforma não significava muito para ela. Relatou que vendeu a casa em que morava anteriormente e comprou um imóvel ‘mais barato’, tanto que até ficou com uma ‘gordura’ para fazer frente às despesas com a reforma.
Maristela contou que seu objetivo era alugar a casa, ‘dar um tapa’ na casa para poder alugar, porque estava de mudança para Ibiúna (Grande São Paulo). Ela contou ao delegado que se separou e queria dar à filha uma oportunidade de vida diferente. Ela e a filha moraram dois anos em um sítio, mas acabaram voltando a São Paulo, em 2013. Aí continuou tocando a obra de reforma que durou todo esse tempo, arrastada, porque dependia de sua própria saúde financeira.
Maristela afirmou que não teve nenhum tipo de ajuda por parte do pai ou de ajuda externa. A ajuda que o coronel Lima e a mulher (arquiteta Maria Rita Fratezi) deram ‘foi uma ajuda de camaradagem, quase que familiar’. Ela narrou que conhece o oficial desde muito pequena, porque ele é amigo de seu pai há 40, 50 anos.
Segundo Maristela, o coronel e a mulher fizeram orçamentos iniciais, cotação de preço com algumas empresas, para fazer a obra. Mas ela própria acabou rechaçando porque, segundo explicou, eram valores que quase se igualavam ao preço que ela havia pago pela casa.
Ao final, Maristela reiterou ao delegado que está à disposição da Polícia Federal para novos esclarecimentos. O advogado Fernando Castelo Branco, que representa Maristela Temer, disse que a filha do presidente ‘ficou muito aliviada’ com o depoimento dado à Polícia Federal. “Depois de tanto tempo, tanta execração, violação da intimidade não só dela, como da própria filha, Maristela ficou mesmo aliviada por ter falado a quem deveria ouví-la”, disse Castelo Branco.
O advogado não revelou detalhes do depoimento de Maristela, mas afirmou. “Ela foi a responsável pela obra.” “Foi um depoimento muito bom, esclarecedor, muito detalhado, creio que o delegado ficou satisfeito”, avalia Castelo Branco. “Ela contou toda a história dessa fatídica reforma que se converteu em uma lenda. Foi muito clara, muito pontual. Importante destacar que Maristela foi ouvida como testemunha.”
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