| Foto: Beto Barata/PR

A psicóloga Maristela Temer, filha do presidente Michel Temer, afirmou, em depoimento à Polícia Federal no dia 14 de maio, que seu pai indicou o coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho para ajudá-la na reforma de sua casa, em 2014.

CARREGANDO :)

A primeira reunião dela com o coronel e sua mulher, a arquiteta Maria Rita Fratezi, ocorreu na Argeplan, empresa de Lima Filho, disse Maristela. Ela, no entanto, diz que fez a reforma por conta própria e que Maria Rita apenas a ajudou, sem receber por isso. 

Maristela disse ainda que “não possui e não guardou nenhum comprovante dos pagamentos e contratos eventualmente realizados” na reforma. A Folha de S. Paulo teve acesso ao teor do depoimento.

Publicidade

Leia também: Pagamento de propina – entenda a acusação contra Gleisi no caso Consist

Sobre os pagamentos a fornecedores feitos por Maria Rita Fratezi, mulher do coronel, a filha de Temer disse que a ressarcia das despesas, mas “que não sabe precisar a forma do ressarcimento, uma vez que em algumas ocasiões repassava para Maria Rita Fratezi também em espécie, fruto de sua remuneração recebida de pacientes em seu consultório, e outras vezes também em cheques”.

A obra é investigada pela PF, que suspeita que o presidente tenha lavado dinheiro de propina com reformas em imóveis de familiares e em transações imobiliárias em nomes de terceiros, na tentativa de ocultar bens. O coronel é apontado por delatores como um intermediário de Temer para o recebimento de propina. 

Em março, um fornecedor da obra feita Maristela afirmou à Folha que recebeu pagamentos das mãos da mulher do coronel, em dinheiro vivo. “Foi Maria Rita Fratezi quem fez os pagamentos, em espécie, em parcelas. Os pagamentos foram feitos dentro da loja”, disse Piero Cosulish, da Ibiza Acabamentos. “Ela [Maria Rita] vinha fazer o pagamento. Se estava dentro de um envelope, dentro de uma bolsa, não sei te confirmar”, acrescentou.

Pedido de ajuda

De acordo com termo do depoimento prestado no dia 14 de maio, “seu pai, senhor Michel Temer, sugeriu à depoente para que procurasse João Baptista Lima Filho, tendo em vista que João Baptista era amigo de seu pai e também proprietário de empresa de arquitetura e engenharia, no caso, a Argeplan”.

Publicidade

Segundo ela, a sugestão de Temer foi natural “tendo em vista este ser pessoa que atuava na área de construção e, com certeza, poderia passar uma orientação adequada para sobre tal proposta de reforma”. Maristela disse que o coronel e sua mulher sugeriram a ela que realizasse cotações para a reforma da casa. 

Leia também: Planalto usa vídeo de homem se afogando para fazer propaganda dos 2 anos de Temer

De acordo com ela, diante dos valores orçados, tomou a decisão de fazer a reforma por conta própria e, então, “aceitou ajuda” de Maria Rita “tendo em vista que tinha com tal pessoa uma relação afetiva, quase família”, mas que nunca a contratou como prestadora de serviço. 

A filha do presidente afirmou ainda que “que não se recorda nominalmente dos prestadores de serviços que atuaram na reforma de sua residência, mas pode dizer que foram contratados conforme surgiam as necessidades no decorrer das obras”.

Gastos de R$ 700 mil

No depoimento, Maristela “reitera a afirmação de que seu pai, o senhor Michel Temer, não custeou qualquer despesa relacionada a obra na residência da declarante, tampouco repassou recurso ou mesmo orientação para que João Baptista Lima Filho, por meio de suas empresas ou com o auxílio de sua esposa, Maria Rita Fratezi, para que arcassem com qualquer custo direto ou indireto na obra da residência da declarante”.

Publicidade

A filha do presidente afirmou ainda que “somando superficialmente os valores, acredita ter gasto algo em torno de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais) na obra”. “Pode afirmar que custeou as obras com aproximadamente quinhentos mil reais remanescentes da venda do antigo imóvel, empréstimos bancários, não se recordando os valores e mais cem mil reais que a depoente solicitou emprestado de sua mãe; que ainda utilizou uma reserva de aproximadamente sete mil dólares que possuía guardado”, diz trecho do depoimento. 

“Que também utilizou na obra parte da remuneração recebida de sua atividade profissional e, inclusive, naquela ocasião, a depoente recebeu vários pagamentos em espécie de seus pacientes, na sua atividade profissional; que também não se recorda o valor total destes recursos que repassou em espécie”, ressalta.