O mal-estar criado pelas declarações do general Antônio Hamilton Mourão, que levantou a possibilidade de uma intervenção militar no país, não cessa. O filho do ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964, João Vicente Goulart, foi além e defende a renúncia do ministro da Defesa, Raul Jungmann. Para ele, o ministro saiu enfraquecido e fragilizado do episódio pois, além de não ver o general Mourão punido, assistiu ao comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas encher seu subordinado de elogios.
A declaração de João Vicente foi feita à Gazeta do Povo, na manhã desta sexta-feira (22). "Até compreendo, por exemplo, o general Villas Bôas não punir o general Mourão. Ele está vendo a ilegalidade desse governo. Agora, o Jungmann deveria renunciar. Como é que ele pede a punição de um general e toma um bombardeio do comandante (Villas Bôas), que sai dando entrevista chamando o Mourão de grande soldado e outras coisas. O que ele, Jungmann, está fazendo lá dentro ainda? Deveria renunciar", disse João Vicente, que classificou as afirmações de Mourão como inoportunas.
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"Foram declarações completamente inoportunas. Assim, se colocam mais uma vez contra o povo brasileiro. Deveriam atuar na construção de um novo país, de uma nova perspectiva. É preciso dar um basta a esse tipo de defesa, de entendimento, dos militares de que, qualquer crise no país, eles são a solução. Eles já passaram por cima da Constituição e já derrubaram um presidente uma vez. E prometeram eleição em 1965 que não veio. Agora, chega!, disse João, que complementou.
"Não sou Temer, mas colocar os militares para intervir na vida democrática de um povo que está desarmado, com milhões de desempregados. Que ordem é essa que querem restituir?!"
O ministro Jungmann não se manifestou até agora sobre o assunto. Uma nota de seu ministério falava em "medidas cabíveis" contra o general Mourão. O Comando do Exército, primeiro, soltou uma nota dizendo que, com a reunião entre Jungmann e Villas Bôas o assunto estava "pacificado". Parece que não.
Na quinta-feira (21), quase uma semana depois das frases ditas por Mourão, o Exército soltou outra nota. Dessa vez, informou que a Força está comprometida com a democracia, que o comandante é a autoridade para expressar posição da instituição e que as providências envolvendo Mourão foram tomadas. Não se anunciou quais.
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João Vicente, que viveu no exílio com o pai, defende que os militares se dediquem às fronteiras do país e à defesa do desmatamento na Amazônia, entre outras ações. Ele se filiou ao partido Pátria Livre e pode disputar uma vaga de senador pelo Distrito Federal em 2018.