A investigação do escândalo do petrolão em Curitiba tem uma série de pontas soltas. E agora elas estão ameaçadas de demorarem mais para serem amarradas por causa da decisão da Polícia Federal (PF) de encerrar a força-tarefa exclusiva da Lava Jato no Paraná. Cerca de 120 inquéritos do petrolão ainda estão em andamento na PF. Novas frentes de investigação que haviam sido anunciadas, como a área de publicidade da Petrobras, nem mesmo foram abertas. E há negociações de delações premiadas que podem vir a aumentar ainda mais o trabalho dos policiais de Curitiba.
O fim da força-tarefa não significa que a apuração da Lava Jato na PF do Paraná acabou. Porém, os policiais federais que vinham se dedicando exclusivamente à operação poderão vir a ter de assumir outros casos juntamente com os do petrolão.
Essa “divisão” de forças pode tornar a apuração dos casos mais lenta. Nos bastidores, alguns policiais federais admitem que isso tende a ocorrer, embora oficialmente a PF do Paraná diga o contrário.
O que pode atrasar
Os 120 inquéritos da Lava Jato em andamento, por si só, já implicam muito trabalho interno. Além disso, a PF de Curitiba havia anunciado publicamente a intenção de investir em novas frentes de apuração que nunca chegaram a virar foco da força-tarefa do Paraná: a área de comunicação e publicidade da Petrobras, a Caixa Econômica Federal, o Ministério da Saúde, o Ministério do Planejamento, o BNDES e os fundos de pensão de estatais.
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Lava Jato no Paraná seria responsável apenas pela investigação envolvendo a Petrobras. Ainda assim, ao menos a comunicação da estatal, nesse caso, seria uma área a ser apurada.
Outro elemento que pode aumentar o trabalho da Lava Jato no Paraná é a possibilidade de que novas delações premiadas venham a trazer novidades sobre a corrupção na Petrobras. Estariam negociando acordo de colaboração o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, o ex-deputado Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro. Novos inquéritos também podem vir a ser abertos no Paraná em função das delações premiadas já firmadas pelos executivos e ex-executivos da Odebrecht e da JBS.
O que diz a PF
O coordenador da Lava Jato na PF do Paraná, delegado Igor Romário de Paula, afirmou nesta quinta-feira (6) que a investigação do petrolão será integrada à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvios de Verbas Públicas, uma unidade fixa da Polícia Federal. A delegacia será responsável pela Lava Jato e outras investigações, como as da Operação Carne Fraca, por exemplo.
Segundo ele, na prática a Lava Jato irá ganhar uma estrutura maior de investigação com a delegacia – que terá 84 investigadores, sendo 70 agentes e 14 peritos criminais. Nessa conta, estão 16 delegados: 12 em Curitiba e quatro atuando remotamente no Espírito Santo, por meio de um convênio com a PF capixaba. A força-tarefa da Lava Jato contava atualmente com apenas seis delegados; Igor Romário não disse quantos policiais no total.
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Dificuldades
No fim de maio, quando houve a redução de nove para seis no número de delegados na força-tarefa do Paraná, o delegado Igor Romário havia reconhecido que isso causaria “dificuldades operacionais”.
“De fato, com o número que a gente tem hoje [de delegados] é muito difícil dar continuidade para o trabalho da forma satisfatória como sempre foi”, disse Igor Romário à época, em entrevista à rádio CBN. Segundo ele, já estava ocorrendo uma diminuição no número de agentes e analistas à disposição da força-tarefa na ocasião, mas o maior problema era mesmo a redução no número de delegados.
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