O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) recebeu 48 depósitos suspeitos em 1 mês, totalizando R$ 96 mil. Os depósitos foram realizados em espécie e foram realizados entre junho e julho de 2017, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), ao qual o Jornal Nacional teve acesso e divulgou nesta sexta-feira (18).
De acordo com o documento, os depósitos foram realizados em um caixa automático do posto de atendimento bancário da Assembleia Legistativa do Rio (Alerj). O valor sempre foi o mesmo: R$ 2 mil. Apesar disso, o Coaf não conseguiu identificar quem realizou os depósitos.
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Pelo fato de a movimentação ter sido realizada de forma fracionada, há suspeita de ocultação de origem do dinheiro, e pode significar lavagem de dinheiro.
O pedido de relatório ao Coaf foi do Ministério Público do Rio de Janeiro, por conta da movimentação suspeita de assessores, incluindo Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito.
Nesta quarta-feira (16), O ministro Luiz Fux do STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu liminar suspendendo a investigação criminal contra Fabrício Queiroz, a pedido de Flávio Bolsonaro.
Depósitos realizados
Segundo apurou o Coaf em reportagem veiculada no Jornal Nacional, foram realizados, sempre no valor de R$ 2 mil e em espécie:
• 10 depósitos em 5 minutos no dia 9 de junho de 2017;
• 5 depósitos em dois minutos no dia 15 de junho de 2017;
• 10 depósitos em 3 minutos dia 27 de junho de 2017;
• 8 depósitos em 4 minutos dia 28 de junho de 2017;
• 15 depósitos em 6 minutos dia 13 de julho de 2017.
Conforme a reportagem do JN, o primeiro documento tratava da movimentação dos funcionários da Alerj. Desta vez, diz o jornal, o MP pediu ao Coaf para ampliar o levantamento. O MP pediu o novo relatório ao Coaf em 14 de dezembro e foi atendido no dia 17, um dia antes de Flávio Bolsonaro ser diplomado senador, conforme a reportagem. Portanto, segundo o MP, ele não tinha foro privilegiado na ocasião.
Por causa desse relatório, diz a reportagem, Flávio Bolsonaro questionou a competência do MP no Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu temporariamente a investigação. Ele foi citado no procedimento aberto pelo Ministério Público do Rio contra o ex-assessor Fabrício Queiroz. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro é investigado por movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão durante um ano.
Em entrevista à Rede Record, Flávio Bolsonaro diz que não é a favor do foro privilegiado e que “não está se escondendo de nada”. Ele disse que descobriu que estava sendo investigado pelo Ministério Público apenas quando foi intimado para prestar esclarecimentos ao MP-RJ, e que neste caso enviou seu advogado “para ver o que estava acontecendo”.
Entenda o caso
Um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro apontou uma movimentação financeira atípica na conta de Queiroz. O ex-assessor parlamentar, que também é policial militar da reserva, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, de acordo com o Coaf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.
Uma das transações de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de R$ 24 mil destinado à primeira-dama, Michelle Bolsonaro. “Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, diz o documento.
Segundo o Coaf, as movimentações financeiras são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional” do ex-assessor parlamentar.