Imagens como a do prefeito João Doria (PSDB), de São Paulo, recusando as flores de uma ciclista e depois as jogando no chão podem ser fatais para políticos. A cena, do dia 30, ganhou as redes sociais e virou munição de propaganda negativa contra o tucano. Tanto que Doria tentou consertar o feito no dia seguinte, ao dizer que se tratam de "flores do mal" distribuídas pelos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Sempre que o tema - gafe política - vem à tona, renasce o caso de Fernando Henrique Cardoso nas eleições municipais de São Paulo, em 1985. Então no PMDB, o hoje tucano, que era franco favorito, sentou na cadeira de prefeito para uma sessão de fotos antes da hora. A eleição ainda estava para ocorrer. Resultado: FHC acabou derrotado por Jânio Quadros, do PTB. Ainda teve que aturar Jânio, ao assumir, desinfetar a cadeira e pronunciar que "nádegas indevidas" sentaram ali antes.
Uma frase infeliz, captada num sinal aberto de uma antena parabólica da TV Globo, em 1994, custou ao diplomata Rubens Ricupero um dos cargos mais relevantes da Nação, o de ministro da Fazenda. No intervalo de uma entrevista, ao tratar de questões relativas ao controle à inflação, Ricupero disse ao repórter: "Eu não tenho escrúpulo. O que é bom a gente fatura. O que é ruim, a gente esconde". O caso foi conhecido como o "escândalo da parabólica".
Em março de 2006, a então deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) protagonizou uma cena no plenário da Câmara que lhe custaria suas pretensões na carreira política. A parlamentar comemorou a absolvição do correligionário João Magno (PT-MG) no mensalão com uma manifestação que ficou conhecida como a "dança da pizza". A sessão já ultrapassava meia-noite e pouquíssimos parlamentares estavam presentes. Ao lado de Magno, Guadagnin não conteve a euforia. A repetição dessa cena nas TVs foram fatais para ela, que não obteve, no final daquele ano, a reeleição para seu terceiro mandato de deputada. Anos mais tarde, com o nome política de Doutora Ângela, a petista, que já foi prefeita de São José dos Campos (SP), elegeu-se vereadora na cidade. No último pleito, ano passado, ficou na suplência do mesmo cargo.
Então ministra do Turismo do segundo mandato de Lula, a hoje senadora Marta Suplicy, do PMDB, ganhou o noticiário por uma declaração que desagradou geral. Em março daquele ano os aeroportos viviam um cenários confuso, de muitas filas, atrasos e cancelamentos de voos. Abordada para falar sobre o assunto, Marta, que no passado teve um espaço num programa de TV para tratar de questões sexuais, respondeu:
"Relaxa e goza porque você vai esquecer dos transtornos". Por mais tentativa que fizera, a ministra não convenceu ao tentar minimizar. Não se elegeu prefeita de São Paulo, no ano seguinte, mas conquistou uma das vagas para o Senado em 2010. E voltou a ocupar uma Pasta, a da Cultura, em 2012 na gestão de Dilma. Permaneceu dois anos nesse ministério.
Uma questão aérea também maculou a imagem do assessor especial Marco Aurélio Garcia, um conselheiro nas questões internacionais de Lula e Dilma. Em 1997, Garcia foi flagrado por uma lente de TV fazendo um gesto que ganhou notabilidade como "top, top, top" do ministro. É aquele movimento quando uma mão aberta bate na outra fechada. Ao lado de um assessor, o ministro acompanhava veiculação no Jornal Nacional do acidente do Airbus da TAM, no qual 199 passageiros morreram. A notícia dava conta que o acidente se deu por um defeito técnico, o que eximia o governo federal de responsabilidade. A repercussão negativa foi grande e a sorte do ministro era não se interessar por disputar cargos políticos eleitorais.
Na campanha presidencial em 2002, Lula também foi alvo de uma câmera indiscreta. Foi gravado ao lado do então prefeito de Pelotas (RS), Fernando Marroni, hoje deputado federal, fazendo comentário que lhe exigiu pedido de desculpas mais tarde. O petista disse que Pelotas era uma cidade "exportadora de viados", numa referência a pessoas homossexuais. O episódio não foi suficiente para comprometer seu favoritismo naquele pleito.
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