Criada em 2014 para atuar exclusivamente nas investigações da Operação Lava Jato, a força-tarefa da Polícia Federal (PF) do Paraná foi encerrada. Isso não significa o fim das investigações. Mas, a partir de agora, os delegados e agentes deixam de atuar apenas na Lava Jato e passam a trabalhar também em outros casos conduzidos pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros.
Oficialmente, a Polícia Federal informou que o desmanche do grupo de trabalho se deu por uma “diminuição na demanda de trabalho da Lava Jato em Curitiba”. Nos bastidores, no entanto, acredita-se em outros motivos. Segundo informações apuradas pela Gazeta do Povo, a quantidade de inquéritos em andamento ainda é grande. Além disso, bastante material relacionado às delações da Odebrecht e da JBS deve ser enviado a Curitiba, levando à abertura de novos inquéritos.
No auge da operação Lava Jato, entre 2015 e 2016, a força-tarefa tinha onze o delegados. No final de maio, o número foi reduzido para seis. Houve ainda diminuição no número de agentes e peritos. Em nota, a Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná informou que o efetivo atual está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade.
Leia mais: PF diz que nada muda, mas policiais e oposição temem pelo futuro da Lava Jato
“Os grupos de trabalho dedicados às operações Lava Jato e Carne Fraca passam a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas. A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações”, diz a nota.
Procurador “antecipou”
Na noite de quarta-feira (5), o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Carlos Fernando dos Santos Lima havia “antecipado” o “fim” da força-tarefa na PF. “A força-tarefa da Polícia Federal na operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados”, publicou Lima em sua página no Facebook.
Lima, que integra a força-tarefa pelo MPF, ainda criticou o presidente Michel Temer, postando junto com sua publicação uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo que mostrava a liberação de emendas parlamentares após a delação da JBS. “Mas para salvar o seu mandato, Temer libera verbas à vontade”, disse o procurador.
Leia mais: ‘Não tem motivação política’, diz delegado sobre fim da força-tarefa exclusiva
A íntegra da nota da PF
Confira a íntegra da nota divulgada pela Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná:
1. Tendo em vista que cada delegado do Grupo de Trabalho da Lava Jato possuía cerca de vinte inquéritos cada um, essa equipe, juntamente com o Grupo de Trabalho da Operação Carne Fraca, passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (DELECOR);
2. A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações;
3. Com a nova sistemática de trabalho, nenhum dos delegados atuantes na Lava Jato terá aumento de carga de trabalho, mas, ao contrário, ela será reduzida em função da incorporação de novas autoridades policiais;
4. O número de policiais dedicados a essas investigações chega a 70;
5. A iniciativa da integração coube ao Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado do Paraná, delegado Igor Romário de Paula, coordenador da Operação Lava Jato no estado, e foi corroborada pelo Superintendente Regional, delegado Rosalvo Franco;
6. O modelo é o mesmo adotado nas demais superintendências da PF com resultados altamente satisfatórios, como são exemplos as operações oriundas da Lava Jato deflagradas pelas unidades do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo, entre outros;
7. Também foi firmado o apoio de policiais da Superintendência do Espírito Santo, incluindo os delegados Márcio Anselmo e Luciano Flores, ex-integrantes da Operação Lava Jato;
8. O atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade;
9. Conforme nota divulgada no dia 21/05/2017, deve-se ressaltar que as investigações decorrentes da Operação Lava Jato não se concentram somente em Curitiba, mas compreendem o Distrito Federal e outros dezesseis estados;
10. Desde o início, a Polícia Federal, de forma republicana e sem partidarismos, trabalha arduamente para o êxito das investigações, garantindo toda a estrutura e logística necessária para o esclarecimento dos crimes investigados.
Colaborou Fernando Martins
Câmara aprova regulamentação de reforma tributária e rejeita parte das mudanças do Senado
Mesmo pagando emendas, governo deve aprovar só parte do pacote fiscal – e desidratado
Como o governo Lula conta com ajuda de Arthur Lira na reta final do ano
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe