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Doleiro Lúcio Funaro era ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). | Lula Marques/Folhapress
Doleiro Lúcio Funaro era ligado ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).| Foto: Lula Marques/Folhapress

O corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, preso em Brasília, assinou nesta terça-feira (22) acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) que estava em negociação havia cerca de três meses.

Segundo pessoas envolvidas nas tratativas, Funaro, que foi transferido da penitenciária da Papuda para a carceragem da Polícia Federal na segunda-feira (21), vai começar a prestar os depoimentos. Para agilizar as oitivas, ele deve continuar sob custódia na sede da PF.

O teor da delação é mantido em sigilo. O próximo passo será o envio do acordo para o Supremo Tribunal Federal (STF), que precisa homologá-lo para que ele tenha valor para as investigações.

Conforme a reportagem apurou, Funaro, operador do PMDB ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha, se comprometeu a mostrar aos procuradores o caminho do dinheiro para o partido. O foco central da delação é o grupo político conhecido como “PMDB da Câmara”, do qual faz parte Cunha, que está preso no Paraná. Funaro deverá entregar provas de pagamentos de propina.

A expectativa é que a PGR use partes da delação de Funaro nas investigações sobre o presidente Michel Temer. O operador é figura central na delação de executivos da J&F, controladora da JBS, que atingiu o governo federal em maio, quando veio a público.

Temer foi gravado no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março por Joesley Batista, um dos donos do frigorífico. No diálogo, segundo a investigação da PGR, Joesley diz a Temer que está pagando propina para manter Funaro e Cunha em silêncio na cadeia. Temer, então, dá aval aos pagamentos, conforme a investigação.

Funaro é apontado como o operador financeiro do “PMDB da Câmara”, que, segundo diferentes investigações, atuou na Petrobras e na Caixa Econômica Federal, banco que administra o fundo de investimentos do FGTS (FI-FGTS).

O corretor responde a uma ação na Justiça Federal em Brasília sob acusação de envolvimento em desvios no FI-FGTS, junto com Cunha e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que também está preso. A ação penal derivou da Operação Sépsis, um desdobramento da Lava Jato em Brasília.

Além dessa ação, Funaro é um dos 15 alvos do inquérito que tramita no STF para investigar suposta formação de organização criminosa por membros do PMDB da Câmara, o chamado “quadrilhão”. A delação firmada nesta terça deve auxiliar nesse inquérito.

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