O operador financeiro Lúcio Funaro deve assinar ainda nesta terça-feira (22) um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR). Segundo informações do jornal O Globo, os advogados do operador e os procuradores fecharam a negociação na madrugada desta terça-feira.
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Funaro é um operador financeiro ligado ao PMDB. Na última segunda-feira, foi transferido do presídio da Papuda para a carceragem da Polícia Federal, onde deve prestar os depoimentos previstos no acordo.
O operador deve dar detalhes aos investigadores sobre a intermediação de um repasse de R$ 4 milhões para o PMDB de São Paulo a pedido do presidente Michel Temer (PMDB). Além disso, deve esclarecer à força-tarefa como fazia arrecadação de recursos para políticos do PMDB quando Temer presidia a legenda. A delação de Funaro pode reforçar a ligação do presidente com os peemedebistas Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves – presos sob suspeita de corrupção.
Recentemente, o ex-ministro Geddel Vieira Lima foi denunciado pela PGR por obstrução de Justiça por ter tentado, segundo os procuradores, impedir que Funaro firmasse um acordo. O ex-ministro está cumprindo prisão domiciliar.
A delação de Funaro não é a única que deve abalar a Lava Jato. Outras negociações em andamento podem trazer informações importantes sobre o esquema. Veja as principais:
Antônio Palocci
O ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Antônio Palocci, também negocia um acordo com a força-tarefa da Lava Jato. Um dos tópicos da delação é o envolvimento dos bancos no esquema de corrupção descoberto na Lava Jato. Além do mercado financeiro, Palocci deve tratar de indicações de cargos para a Petrobras, arrecadação de recursos de campanha para o PT, entre outros temas.
Entre as grandes controvérsias em relação a Palocci é o apelido “Italiano” nas planilhas de propina da Odebrecht. O MPF acredita que o codinome era utilizado para se referir ao ex-ministro.
Rodrigo Rocha Loures
Ex-assessor especial de Temer, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures cumpre prisão domiciliar desde o início de julho e estaria sendo pressionado pela família a contar o que sabe em troca de benefícios. Rocha Loures foi um dos alvos da delação de executivos da JBS. Depois de ser apontado por Temer como pessoa de sua “estrita confiança”, foi flagrado com uma mala contendo R$ 500 mil em São Paulo. O dinheiro seria o pagamento pela interferência do ex-deputado a favor da JBS em um processo administrativo no Cade. Se firmar acordo de delação, Rocha Loures pode esclarecer o destino do dinheiro recebido da JBS, além do possível envolvimento de Temer no esquema.
Eduardo Cunha
Embora os procuradores da Lava Jato tenham negado recentemente um acordo ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), ele ainda não desistiu da colaboração premiada. Os procuradores consideraram as informações oferecidas por Cunha “inconsistentes e omissas” e analisaram que havia poucas provas de corroboração oferecidas pelo ex-deputado.
Ao começar as tratativas com a PGR, Cunha havia prometido informações sobre Temer e pelo menos 50 deputados, senadores, ministros e outros políticos. Com o encerramento das negociações, Cunha deve esperar pela troca no comando da PGR. No mês que vem, Rodrigo Janot deixa o cargo e quem assume é Raquel Dodge.
Leo Pinheiro
Não é novidade que o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro tenta firmar um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lava Jato. Para tentar chegar mais perto de um acordo, o executivo chegou a confessar ao juiz federal Sergio Moro que reservou um tríplex no Guarujá para o ex-presidente Lula em troca de benefícios para a empresa em contratos com a Petrobras. Apesar da confissão, Leo Pinheiro acabou condenado por Moro no processo, a 10 anos e oito meses de prisão. A pena imposta ao empresário foi maior que a do próprio ex-presidente, que foi condenado por Moro a 9 anos e 6 meses de prisão.
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