O governo Jair Bolsonaro promete jogar pesado contra as invasões de terra e reavaliar a política de reforma agrária no país. Para isso, o presidente eleito irá criar a Secretaria de Assuntos Fundiários, cujo titular será Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR).
À Gazeta do Povo, Nabhan disse que a relação do governo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mudará: “chega de discutir com os invasores depois da terra ser invadida”. Nabhan criticou as ações do “abril vermelho”, mês em que as invasões de terra são incrementadas, e acusou o MST de atuar de forma criminosa.
“O MST age a reboque do crime. Não tem sede própria, não tem nenhuma inscrição. Não vai funcionar, no governo Bolsonaro, essa história de pressão e ameaça. E não vai ter essa de abril vermelho também. Vamos agir”, disse Nabhan.
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O abril vermelho acontece desde a década de 1990. Foi nesse mês que ocorreu o massacre de Eldorado de Carajás, quando 19 trabalhadores rurais foram mortos no Pará em confronto com a polícia.
Nabhan criticou a reforma agrária conduzida até hoje no país, incluída aí a política do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para essa área. Foi na gestão FHC que foi criado o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Para ele, os assentamentos hoje são verdadeiras “favelas rurais” e esse ministério sempre agiu de forma ideológica.
“A reforma agrária até agora sempre esteve ligada à questão ideológica. Foi desastrosa até agora. Os assentamentos viraram verdadeiras favelas rurais. Não se pode generalizar, eu sei. Mas é preciso reavaliar o programa. Tem lote que hoje já está na mão de um quinto proprietário. E não pode. É proibido vender terra destinada à reforma agrária”.
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O presidente da UDR disse que suas terras já foram alvo de invasões do MST e relatou a experiência. “Uma invasão de terra é um terror. Quem já viveu uma experiência dessa, como eu, sabe que cria um trauma na gente. É como você ter sua casa invadida. Isso não é movimento social. Por isso, é preciso leis mais fortes contra invasões. É ato criminoso sim. É preciso aumentar essas penas”.
Ex-ministeriável
O futuro secretários de Assuntos Fundiários desejava, na verdade, ser ministro da Agricultura. Ele trabalhou para isso e esteve próximo de Bolsonaro desde o início da campanha. A indicação da deputada Tereza Cristina para comandar a pasta gerou críticas de Nabhan, que a acusou de apoiar Bolsonaro depois que seu candidato, o tucano Geraldo Alckmin (PSDB), estava fora do páreo.
Cristina procurou o ainda candidato Bolsonaro uma semana antes do primeiro turno. A secretaria de Nabhan estará ligada à pasta da deputada, mas ele garantiu que terá status de ministério.
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