O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a abertura de inquérito para apurar se políticos com foro privilegiado participaram de uma organização criminosa no governo do Mato Grosso para desviar recursos públicos de obras e serviços. A investigação atinge o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP).
O pedido de inquérito foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) a partir da delação do ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB). Fux levantou o sigilo do material da delação de Silval, que se tornou pública nesta sexta (25). Ele atendeu a pedido do procurador-geral, Rodrigo Janot, que aponta Maggi como o líder da suposta organização criminosa.
“Entre os agentes políticos, destaca-se a figura de Blairo Borges Maggi, o qual exercia, incontestavelmente, a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo, entre eles o próprio Silval Barbosa e José Geraldo Riva ex-deputado estadual de Mato Grosso”, afirma o procurador-geral da República, no pedido de abertura de inquérito, autorizado por Fux.
Segundo Janot, “a imprensa vem divulgando paulatinamente as informações, o que pode causar gravames as pessoas que são citadas, ante a ausência de contextualização das declarações dos colaboradores”.
Barbosa disse em sua delação que Maggi participou da montagem de um esquema para liberar dinheiro de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais) estaduais em troca do apoio de parlamentares do Estado.
Silval Barbosa, 56 anos, era vice de Blairo Maggi quando ele foi governador do Mato Grosso e o substituiu quando ele se afastou para concorrer ao Senado, em 2010.
Barbosa foi preso preventivamente em setembro de 2015 na Operação Sodoma. Em junho de 2017, ele conseguiu o direito de cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. Ele não pode se comunicar com outros réus da Sodoma ou testemunhas do caso.
Apelidada de Lava Jato pantaneira, a Sodoma apura desvio em compras de terrenos, fraude em licitações e propina para cobrir custos de campanha.