As ideias e os pensamentos polêmicos de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) não estão apenas nos seus discursos, entrevistas e provocações. Seu incômodo com as políticas LGBT, sua oposição à esquerda, em especial ao PT, a defesa que faz ditadura e sua louvação à direita estão estampadas na fachada de seu gabinete, que, desde que se tornou um potencial candidato à presidente, recebe uma romaria de curiosos e admiradores de todo o país.
Os visitantes param em frente ao gabinete, que tem uma fachada de vidro e está coberto dessas mensagens, e fazem selfies e tentam falar com o deputado. O mosaico foi batizado por Bolsonaro como o “mural da vergonha”.
Ali, há uma foto enorme de Fernando Haddad, ainda de sua época de ministro da Educação, cargo que ocupou durante sete anos entre os governos Lula e Dilma. Abaixo da foto do petista, a inscrição “candidato do kit gay”. Essa pecha dada a ele pelo deputado é em razão da polêmica criada em torno do material didático produzido pelo MEC com conteúdo trazendo referências a direitos de gays, lésbicas, transsexuais. “As crianças de 6 anos terão aula de homoafetividade nas escolas?”, pergunta o cartaz do deputado. Bolsonaro lista 180 itens de apoio ao LGBT e inclui projetos como legalização de adoção de crianças por casais homossexuais e a criação da bolsa de estudo que incentive a qualificação profissional de travestis e transsexuais.
Na fachada, há várias fotos de Lula e Dilma, com associações diversas. A famosa foto de Lula ao lado de Paulo Maluf quando o antigo político do PDS deu apoio a Haddad, na disputa da prefeitura de São Paulo, está lá. Com os dizeres: “Maluf ainda tem muito o que aprender com Lula e o PT”.
Dilma aparece associada à esquerda armada. Ao lado de uma foto antiga da ex-presidente, Bolsonaro a associou ao CV, que chamou de Comando Verdade, num tom vermelho. Também está exibido ali um desenho de Dilma, com nariz de Pinóquio e onde está pendurado um cartaz com o nome da Comissão Nacional da Verdade, que investigou as arbitrariedades da ditadura e, em seu relatório final, apontou dezenas de militares responsáveis por tortura, morte e desaparecimento ocorridos naquele período.
O gabinete do filho Eduardo Bolsonaro é colado ao seu, ambos no anexo 3 da Câmara. Ele estampou uma enorme bandeira do Brasil, com um fundo azul na frente e, em cima e bem destacado, o nome Bolsonaro. Do outro lado, o presidenciável tem como vizinho o deputado petista Wadih Damou (RJ), que presidiu a Comissão da Verdade do Rio.
No dia em que a reportagem visitou o gabinete, o sindicalista Expedito Caetano, da Bahia, esteve ali e fez fotos em frente a fachada. Admirador de Bolsonaro, ele disse concordar com as ideias expostas ali.
“Por isso vou não só votar nele como fazer campanha”, disse Expedito, que é presidente de uma cooperativa de transporte interestadual no interior baiano e quer agendar uma ida do deputado num ato na região.
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