Michel Temer salvou seu mandato, mas não seu governo. E gastou os “tubos” para conseguir, até o momento, se manter no cargo. O resultado da votação desta quarta-feira (2) no plenário da Câmara passou longe da pretensão do Palácio do Planalto de ter “céu de brigadeiro” a partir de agora. Também ficou distante da vitória “eloquente” dita por Temer em pronunciamento assim que a votação foi encerrada, com a rejeição da denúncia.
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Os números finais da votação, obtidos após a liberação de milhões de reais em emendas e obras, mostram uma Câmara dividida. Os 263 votos “sim” a favor de Temer e pelo arquivamento da denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, representam 51,4% dos 513 da Casa. Pouco para quem deseja tocar as ditas reformas estruturantes.
Sabe-se lá que café Temer tomou no palácio para, também após o resultado, dizer que seu governo toca a “maior transformação já feita no país”. E que herdou, “do passado”, o número alto de desempregados, mas que sua gestão já está resolvendo.
Temer não tem cacife para tanto
É impossível associar o placar desta quarta com votações futuras, principalmente no que se refere à reforma da Previdência. Uma alteração na Constituição exige 308 votos. Temer não tem cacife para tanto. É mais fácil um parlamentar votar a favor de Temer para rejeitar a denúncia contra ele do que nas mudanças da Previdência, tema impopular e de alto risco na véspera de um ano eleitoral.
Janot deve vir com um novo pedido de ação penal contra Temer em breve. Dessa vez sob acusação de obstrução de justiça por ter ouvido algo inaceitável de Joesley Batista, dono da JBS. O empresário revelou-lhe, na noite em que o diálogo com Temer foi gravado no Palácio do Jaburu, que controla procuradores e juízes. O presidente nada fez a respeito, a não ser ouvir.
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No caso da corrupção passiva, cuja denúncia foi rejeitada nesta quarta, os argumentos de sua defesa é de que não há provas que os R$ 500 mil da mala de Rocha Loures foram parar no colo de Temer. Não rastrearam o dinheiro. Tudo bem. Mas a gravação que aponta a omissão do presidente, essa sim, o compromete em maior grau. Mas não deve dar em nada também. Quem votou a favor de Temer agora, vai votar na segunda denúncia, e na terceira, se ela aparecer.
Só há uma certeza se essas novas acusações vierem: a de que os cofres públicos serão novamente arrombados para salvar a pele do presidente.
As ruas vão continuar silenciosas contra Temer. Ninguém vai pedir sua cabeça e a Esplanada seguirá como hoje, vazia e calada. Vale o dito por Marina Silva, quando não chegou ao segundo turno da eleição presidencial de 2014, após ser trucidada pela campanha eleitoral do PT: “perdi ganhando”. No caso de Temer, “ganhou perdendo”.
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