Apontado pela Polícia Federal como possível dono do “bunker”que abrigava de R$ 51 milhões em dinheiro vivo, em Salvador (BA), Geddel Vieira Lima tem uma longa ficha-corrida na política.
Em 1993, então deputado federal, ele foi citado no escândalo dos Anões do Orçamento, episódio em que parlamentares foram acusados de manipular emendas para beneficiar empreiteiras, mas acabou inocentado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o caso.
Na época, o ex-deputado João Alves foi apontado como articulador do esquema que envolveu 37 parlamentares e uma movimentação de R$ 100 milhões. Os parlamentares foram acusados de cobrar propina de empreiteiras para incluir obras no Orçamento da União ou conseguir recursos nos ministérios para garantir a realização dos projetos. Ao final seis parlamentares perderam o mandato.
Em 2002, Geddel protagonizou um bate-boca com o ex-presidente Itamar Franco, na época governador de Minas Gerais. Após ser chamado por Geddel, então líder do PMDB na Câmara, de “desleal” e “nômade partidário”, Itamar retribuiu a acusação classificando-o de “percevejo de gabinete”, “vendedor de sigla” e “anãozinho do Orçamento”.
Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), cresceram no mundo político inspirados pelo pai, o ex-deputado Afrísio Vieira Lima, morto em 2016. Sua família era aliada de Antonio Carlos Magalhães e Geddel era próximo de Luís Eduardo Magalhães, filho de ACM, que morreu em 1998, quando despontava como possível presidenciável.
Rompido com o “carlismo”, Geddel foi ministro da Integração Nacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no período de 2007 a 2010. Enquanto chefiou a pasta, foi acusado de destinar a maior parte dos recursos para seu estado. Geddel deixou a Esplanada dos Ministérios para concorrer ao governo da Bahia em 2010, mas perdeu a eleição para o petista Jaques Wagner.
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Voltou para o governo federal como vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, de onde saiu em 2013, após divulgar uma mensagem em uma rede social pedindo que a então presidente Dilma Rousseff publicasse sua exoneração do cargo.
Aliado fiel do atual presidente da República, integrou o círculo de conselheiros mais próximos de Michel Temer (PMDB), ao lado de Eliseu Padilha e Moreira Franco, antes e depois de o peemedebista assumir o Palácio do Planalto, em abril de 2016, por ocasião do afastamento de Dilma.
Como prêmio pela lealdade, Geddel foi nomeado para a Secretaria Geral de Governo, cargo que ocupou até novembro, quando pediu demissão em meio a mais um escândalo. O político baiano foi acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tráfico de influência por pressioná-lo a liberar uma empreendimento no centro histórico de Salvador, que estava embargado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Geddel era dono de um apartamento no futuro edifício e queria a todo custo que Marcelo concedesse a licença para construção do prédio. Calero também pediu demissão ao se queixar do caso a Temer e perceber que o presidente gostaria que ele atendesse ao pleito de Geddel.
Mais recentemente, o ex-ministro baiano foi citado na delação de Joesley Batista, do grupo J&F, como interlocutor do empresário com Temer para resolver assuntos de interesse da JBS junto ao governo. Geddel teria deixado de cumprir esse papel ao deixar a esplanada dos Ministérios na esteira da denúncia de Calero.
Recentemente, inquérito da Polícia Federal aberto com base nas delações da JBS concluiu que Geddel praticou o crime de obstrução à investigação ao manifestar “interesse na manutenção de pagamentos a (Lúcio) Funaro (operador financeiro ligado a Cunha)” com objetivo de evitar que ele fizesse uma delação premiada com a Justiça. No mesmo inquérito, a PF diz Temer e Joesley também atuaram para obstruir a Justiça. Esse crime está previsto na Lei de Organizações Criminosas, de 2013, e tem pena de reclusão de 3 a 8 anosa, além de multa.
À PF, Funaro disse ter pago R$ 20 milhões em comissões a Geddel durante a gestão dele na Caixa Econômica.
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