A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de ação penal (denúncia) contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro. A denúncia feita ao Supremo Tribunal Federal (STF) se refere ao caso do bunker descoberto no âmbito da Operação Tesouro Perdido, em Salvador, que ocultava R$ 51 milhões. Eles já haviam sido indiciados pela Polícia Federal na semana passada.
A PGR também denunciou pelos mesmos crimes Marluce Quadros Vieira Lima, mãe dos irmãos peemedebistas, Job Ribeiro Brandão, homem de confiança da família e Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador apontado como operador de Geddel, e o empreiteiro Luiz Fernando Machado, dono da Cosbat construtora.
Apesar de a peça da PGR não acusar os peemedebistas de corrupção, a procuradora-geral da República Raquel Dodge põe propinas da Odebrecht, esquemas de devolução de salários dos servidores da Câmara, pagamentos do doleiro Lúcio Funaro e desvios relacionados ao “quadrilhão do PMDB” na Câmara como possíveis origens para as caixas e malas de dinheiro encontradas pela Polícia Federal no apartamento em Salvador.
A denúncia foi enviada ao gabinete do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, a quem caberá decidir se torna réu o ex-ministro Geddel. O caso tramita no Supremo porque Lúcio Vieira Lima tem foro privilegiado por ser deputado federal.
Entenda o caso
A Operação Tesouro Perdido partiu de uma denúncia anônima por telefone no dia 14 de julho de 2017. O apartamento em Salvador aonde foram encontrados os R$ 51 milhões pertence ao empresário Silvio Antonio Cabral Silveira, que admitiu às autoridades que emprestou o imóvel a Lúcio Vieira Lima, a pretexto de guardar bens do pai do peemedebista, já falecido.
Na montanha de notas de R$ 100 e R$ 50 encontrada no apartamento, há marcas dos dedos do ex-ministro Geddel, de Gustavo Ferraz e de Job Brandão, além de uma fatura com o pagamento da empregada do parlamentar.
No âmbito das investigações, Job resolveu colaborar com as investigações e tem feito tratativas para firmar delação premiada e seus depoimentos agravaram a situação dos peemedebistas perante a Justiça. Ele disse que devolvia 80% de seu salário aos irmãos, além de contar e guardar dinheiro vivo em grandes quantidades para o ex-ministro e o deputado federal.
O homem de confiança dos peemedebistas foi preso no dia 16 de outubro, mesma data em que o gabinete de Lúcio Vieira Lima foi alvo de busca e apreensão.
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