A segunda reunião ministerial do governo de Jair Bolsonaro, realizada nesta terça-feira (8) pela manhã no Palácio do Planalto, terminou mais uma vez sem a apresentação das metas para os 100 primeiros dias de governo, prometidas pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Aliás, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, negou que haja um conjunto de ações para serem realizadas nos 100 primeiros dias de governo.
Na semana passada, quando o Bolsonaro reuniu sua equipe empossada pela primeira vez, Onyx afirmou que seriam divulgadas as medidas prioritárias de cada pasta para os próximos três meses. Ao final do encontro desta terça, no entanto, Heleno negou que esse tenha sido esse o tema da discussão.
“Que história é essa de esboço [para os 100 primeiros dias de governo]? Eu não apresentei esboço nenhum. A reunião não foi disso. Tem um livrinho aqui, que foi distribuído, acho que fala qualquer coisa de 100 dias, do Conselho de Governo... não tem nada disso [medidas prioritárias]”, afirmou o ministro do GSI após a reunião com o presidente.
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Segundo Heleno, se Onyx se comprometeu a divulgar esses dados e metas esta semana, é ele quem deve ser cobrado. “Cobrem dele [Onyx], não é minha função”, completou o general considerado o guru do Planalto.
A cautela em apresentar medidas tem uma explicação: o governo experimentou o sabor da crise na semana passada, com o desentendimento entre as equipes política e econômica. Uma entrevista coletiva chegou a ser convocada na sexta-feira (4) para que o governo desmentisse três anúncios feitos por Bolsonaro: de que a alíquota máxima do Imposto de Renda (IR) iria cair de 27,5% para 25%, que haveria aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e que a reforma da Previdência terá idade mínima para se aposentar (62 anos para homens e 57 para mulheres).
General nega que reuniões serão semanais
O ministro do GSI afirmou ainda que não está confirmada nem mesmo a reunião ministerial da próxima semana, apesar de um documento ter sido divulgado no fim do ano, ainda durante o governo de transição, estabelecendo um calendário de encontro de Bolsonaro com sua equipe ministerial para todas as terças-feiras. “Não está definido que terá reunião toda semana. Se tiver possibilidade de fazer, tudo bem, mas na terça que vem não está marcada ainda”, disse Heleno.
Essa é a segunda vez que os ministros se reúnem com Bolsonaro e nenhuma medida concreta é anunciada publicamente. Na última quarta-feira (2), após a primeira reunião ministerial do novo governo empossado, Onyx concedeu uma coletiva de imprensa, na qual anunciou um pente-fino nos últimos gastos e atos do governo Michel Temer, mas nenhum projeto prioritário de Bolsonaro.
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O que então foi discutido na reunião?
Augusto Heleno afirmou que, na reunião desta terça, cada ministro “falou um pouquinho” sobre sua área, mas que nada foi apresentado de forma concreta, nem mesmo detalhes da reforma da Previdência, considerada a principal bandeira da equipe econômica comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “Cada um apresentou um pouquinho do seu trabalho, eu nem me lembro aqui para detalhar, e nem sou eu que tenho que detalhar”, declarou Heleno.
Mais cedo, Bolsonaro havia postado mensagem no Twitter dizendo que, durante a reunião ministerial, ouviria seu time sobre “os planos, propostas de enxugamento das pastas e medidas de rápida implementação”. “Nosso país não pode mais esperar. Logo, novidades na linha que o brasileiro sempre exigiu! Bom Dia!”, escreveu o presidente.
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