O general do Exército Antonio Hamilton Martins Mourão, que na sexta-feira passada, dia 15, defendeu uma intervenção militar diante da crise enfrentada pelo Brasil, será candidato à presidência do Clube Militar em 2018. Em palestra em uma entidade da maçonaria, o militar falou por três vezes na possibilidade de os militares intervirem na política, diante dos repetidos casos de corrupção no País. Nesta quarta-feira, 20, o Clube Militar confirmou a candidatura de Mourão, com apoio do atual presidente, general Gilberto Rodrigues Pimentel.
“Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nos teremos que impor isso”, afirmou Mourão, na palestra, divulgada na internet.
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Pimentel confirmou, por meio de assessores, o apoio a Mourão, mas não quis dar entrevista à reportagem. Segundo a assessoria do Clube, “Mourão é um sócio antigo e conta com muito prestígio”. Por enquanto, ele é o único candidato.
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As eleições serão em 30 de maio de 2018. O registro das chapas pode ser feito de 15 de janeiro a 28 de fevereiro.
Já Mourão confirmou ao Estado que será candidato a presidente do Clube Militar, mas avisou, no entanto, que não tem “nenhuma pretensão política”. Apesar de a preparação para a campanha já ter começado, a discussão oficial só ocorrerá depois que Mourão deixar o serviço ativo, em 31 de março.
Comisssão de Direitos Humanos convida ministro da Defesa
A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou nesta quarta-feira, 20, um convite ao ministro da Defesa, Raul Jungmann, para prestar esclarecimentos sobre as declarações do secretário de Economia e Finanças do Exército, general Antônio Hamilton Mourão, sobre uma suposta intervenção militar no País.
Em palestra na semana passada, que foi filmada e realizada na Loja Maçônica Grande Oriente, em Brasília, Mourão afirmou que os “companheiros do alto-comando do Exército” entendem que uma “intervenção militar” poderá ser adotada se o Judiciário “não solucionar o problema político”.
A convocação do ministro foi requisitada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mas transformada em convite na reunião do colegiado na manhã desta quarta-feira. A transformação da convocação em convite foi uma sugestão do senador Sérgio Petecão (PSD-AC).
“Conheço Jungmann já há muito tempo e tenho certeza que ele virá”, disse o senador Paulo Paim (PT-RS), vice-presidente da comissão.
Sem punição
Na terça-feira, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo, o comandante do Exército brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, minimizou as declarações de Mourão e disse que ele não será punido, sob argumento de que é necessário contextualizar a fala dele, que se deu em um ambiente fechado, após ter sido provocado. “Ele (Mourão) não fala pelo alto-comando, quem fala pelo alto-comando e pelo Exército sou eu”, afirmou Villas Bôas.
No pedido, Randolfe critica a “absurda e inquietante omissão do governo, em relação a essa afronta direta à Constituição e à democracia”. “De fato, não ouve notícia, até o presente momento, de quaisquer reações do ministro da Defesa e do presidente da República, no que tange a essa grave ameaça às instituições democráticas brasileiras”, diz o senador.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada na segunda-feira, Mourão afirmou que não estava “insuflando nada” ou “pregando intervenção militar” e que a interpretação das palavras dele “é livre”. Ele afirmou ainda que na palestra falava no próprio nome, não no do Exército.
Oficiais-generais ouvidos pelo Estado haviam criticado a fala de Mourão, considerada “desnecessária”.
Na entrevista a Bial, Villas Bôas disse que “ditadura nunca é melhor” e que é preciso entender que o regime militar (1964-1985) ocorreu em um momento com Guerra Fria e polarização ideológica. Hoje, segundo ele, o País tem instituições amadurecidas e um sistema de peso e contrapeso que dispensa a sociedade de ser tutelada.
Ainda sobre Mourão, Villas Bôas disse que ele é “um grande soldado, uma figura fantástica, um gauchão.”
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