A presidente do PT, senadora e deputada eleita Gleisi Hoffmann (PR), justificou em nota sua ida à Venezuela para a posse do ditador Nicolás Maduro, nesta quinta-feira (10). Ela afirma que a eleição de Maduro foi legítima, constitucional e pelo voto popular e que o Brasil sempre respeitou os princípios de soberania e solidariedade entre os países.
A viagem de Gleisi à Venezuela foi referendada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela esteve com o ex-presidente, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, na quinta-feira passada (3). Embora integrantes do PT afirmem não ter sido previamente consultados sobre a viagem de Gleisi a Caracas, o secretário de Comunicação do partido, Carlos Henrique Árabe, diz que a senadora representa a cúpula petista. “Ela nos representa. E temos acordo com essa grande atitude de levar apoio do PT ao povo venezuelano”, diz Árabe.
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Maduro foi eleito sob acusação de ter fraudado o resultado das eleições de maio, para um mandato até 2025. A votação ocorreu sem observadores internacionais e com vários líderes opositores impedidos de participar.
Gleisi diz que não concorda com “política golpista dos EUA”, que tem a adesão de Bolsonaro
Na nota, de sete parágrafos, a senadora Gleisi Hoffmann justifica a ida à Venezuela para a posse de Maduro alegando defender a autodeterminação dos povos. Segundo ela, é “para deixar claro que não concordamos com a política intervencionista e golpista incentivada pelos Estados Unidos, com a adesão do atual governo brasileiro e outros governos reacionários”. “Bloqueios, sanções e manobras de sabotagem ferem o direito internacional, levando o povo venezuelano a sofrimentos brutais”, diz Gleisi no texto.
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“É inaceitável que se vire as costas ou se tente tirar proveito político quando uma nação enfrenta dificuldades. Impor castigos ideológicos aos venezuelanos também resultará em graves problemas imigratórios, comerciais e financeiros para os brasileiros”, afirma a presidente do PT.
Gleisi também se posiciona contra a posição da maioria dos países da América Latina, que considera “abertamente alinhada com a postura belicista da Casa Branca”. Afirma ainda que, “em qualquer país em que os direitos do povo estiverem ameaçados, por interesses das elites e dos interesses econômicos externos, o PT estará sempre solidário ao povo, aos que mais precisam de apoio. O respeito à soberania dos países e a solidariedade internacional são princípios dos quais não vamos abrir mão”.
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Também convidado pelo governo venezuelano, o PCdoB será representado na posse de Maduro pelo seu secretário de Política e Relações Internacionais, Walter Sorrentino. Em nota, Sorrentino afirma que, “no momento em que a nação e a democracia brasileiras estão em risco sob o governo Bolsonaro, de perfil autoritário e regressivo, o PCdoB faz uma apelo a toda a comunidade internacional para que se respeite a soberania venezuelana”.
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Grupo de 14 países das Américas não reconhece legitimidade de Maduro
Países das Américas reunidos no Grupo de Lima assinaram um documento na última sexta-feira (4) em que declaram não reconhecer a legitimidade do novo mandato de Maduro, por considerar que as últimas eleições não contaram com as garantias necessárias de um pleito livre, justo e transparente."
O México foi o único dos 14 países do Grupo de Lima que não assinou o documento. Não reconheceram a legitimidade de Maduro Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia.
Bolsonaro tem posicionamento crítico à gestão de Maduro e já afirmou que não pretende manter relações com o país vizinho.
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