Absolvida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça (19), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) é alvo de outras duas denúncias do Ministério Público Federal e de uma investigação da Polícia Federal (PF). Em nenhum desses três casos, ela foi tornada ré.
LEIA MAIS: Metamorfose política: como Gleisi passou de petista moderada a militante radical
O episódio mais recente apura irregularidades no Ministério do Planejamento. A PF investiga um esquema envolvendo a empresa Consist com empréstimos consignados no âmbito da pasta. Segundo investigações que começaram na Lava Jato em Curitiba, a Consist pagava propina a políticos pela obtenção dos contratos de empréstimo. Além de Gleisi, o ex-ministro da pasta, o petista Paulo Bernardo – marido da senadora – também está entre os investigados.
A PF estima que Gleisi recebeu R$ 1 milhão da Consist por meio do escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, além de outros R$ 300 mil repassados ao mesmo escritório pela TAM. Os investigadores acreditam que o repasse da empresa aérea serviu como caixa dois para campanhas de Gleisi.
Em nota, Gleisi afirmou que a Consist não tinha nenhum contrato direto com o Ministério do Planejamento e que o escritório de Guilherme Gonçalves “atendia muitos candidatos, de todas as siglas partidárias”.
“Todas as despesas de campanha que fiz com o escritório de Guilherme Gonçalves estão declaradas. Entre uma campanha e outra, ele cuidou dos processos decorrentes das disputas eleitorais, pagando as despesas relativas a esses processos. Uma das acusações é que estava pagando em meu nome uma multa de campanha, tida como despesa pessoal. De fato ele pagou sim, porque a multa foi em decorrência do escritório ter perdido prazo de recurso, era responsabilidade dele”, disse a senadora.
Gleisi também afirma que vai apresentar uma representação à Corregedoria da PF para que apure quem foi o responsável pelo vazamento do inquérito.
Em nota, a defesa do advogado Guilherme Gonçalves afirmou que “repudia com veemência todas as acusações que lhe são imputadas acerca de repasses de valores a políticos ou agentes públicos. Todos os honorários recebidos por seu escritório são frutos exclusivos de seu trabalho e longa dedicação à advocacia. Sua inocência será amplamente demonstrada no transcorrer do processo, na conformidade da legislação brasileira em vigor”.
Delação da Odebrecht
A PGR também denunciou, no final de abril deste ano, Gleisi, o marido e ex-ministro Paulo Bernardo, o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antônio Palocci no âmbito da delação da Odebrecht. Segundo a denúncia, as irregularidades estão ligadas à promessa de doação de US$ 40 milhões da Odebrecht a Lula em troca de decisões políticas que beneficiassem a empresa. Desse valor, R$ 3 milhões teriam sido destinados à campanha de Gleisi ao Governo do Paraná, em 2014.
Em nota sobre o oferecimento da denúncia, Gleisi afirmou que “além de falsas, as acusações são incongruentes, pois tentam ligar decisões de 2010 a uma campanha eleitoral da senadora Gleisi Hofmann em 2014”. A senadora também critica o fato de, na visão dela, a denúncia ser baseada em delações premiadas “negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros”.
Quadrilhão do PT
Pouco antes de deixar o cargo, no ano passado, o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou denúncia contra integrantes do PT por formação de quadrilha. Entre os denunciados estão Gleisi e Paulo Bernardo, acusados de cobrar propina dentro do Ministério do Planejamento. O esquema teria movimentado pelo menos R$ 7 milhões em propina, segundo a denúncia apresentada nesta terça-feira (5).
Em paralelo, Gleisi e Paulo Bernardo ainda teriam dado suporte ao esquema do partido por meio dos ministérios que comandaram nas gestões petistas – Planejamento, Comunicações e Casa Civil.
Para a senadora, a denúncia “não tem fundamento”. “Busca criminalizar a política e o Partido dos Trabalhadores no mesmo momento em que malas de dinheiro são descobertas e membro do Ministério Público é envolvido em denúncias”, disse Gleisi, sobre o caso.
Congresso fecha lista do “imposto do pecado”; veja o que terá sobretaxa e o que escapou
Briga com Congresso por verbas do Orçamento revela governo sem margem de manobra
Saiba como votou cada deputado na regulamentação da reforma tributária
Tarcísio anuncia advogado filiado ao PT como novo ouvidor da Segurança Pública em São Paulo
Deixe sua opinião