Deputados governistas protocolaram nesta quinta-feira (1), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, um pedido de explicações ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato. No pedido, assinado por 32 deputados, Fachin é questionado sobre a sua relação com o delator Ricardo Saud, executivo do Grupo J&F, que o teria ajudado na campanha de 2015 para que fosse referendado no Senado como ministro da Corte.
O pedido é acompanhado de um requerimento para que o tema seja apreciado com urgência na CCJ. No documento, os parlamentares fazem cinco perguntas ao ministro: em que condições os pedidos de apoio aos senadores se fizeram e se deles resultou algum compromisso com parlamentares e a JBS; se na época o ministro tinha conhecimento das práticas criminosas da JBS, em especial a atuação de Saud; se o fato de estar acompanhado de Saud poderia implicar desabono de sua conduta como ministro ou comprometer o exercício de suas funções; qual o motivo da escolha de Saud para a “delicada missão” junto aos senadores; e quando e onde Fachin conheceu Saud e quantas vezes esteve com ele no Congresso ou fora dele.
“Aguardamos as respostas de Vossa Excelência para que os fatos aqui elencados sejam devidamente esclarecidos e o sempre inatacável comportamento de magistrado, que o caracteriza, continue acima de quaisquer insinuações ou comentários desabonadores de sua conduta”, finalizam os parlamentares. O pedido - que se baseia em notícias veiculadas sobre o assunto - é assinado pela “tropa de choque” do governo, entre eles os deputados Fausto Pinato (PP-SP), que assina o requerimento de urgência, Darcísio Perondi (PMDB-RS), Carlos Marun (PMDB-MS), Alexandre Baldy (Pode-GO), Soraya Santos (PMDB-RJ) e Marcelo Aro (PHS-MG).
A reportagem apurou que a ideia inicial era chamar o ministro à Câmara para dar explicações sobre sua relação com o executivo da J&F. Com receio da repercussão, os governistas optaram por apresentar um pedido de questionário a Fachin.
Deputados que pedem a saída do presidente Michel Temer viram na iniciativa uma tentativa de fustigar o ministro. “Estão querendo mexer em vespeiro. O relator da Lava Jato chamado por um outro poder todo investigado para dar explicações é querer demais proteger o Temer que não merece tamanho empenho em sua defesa nesta hora”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).
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