O governo do Distrito Federal começou a retirar neste sábado (2) um painel de LED do jornal Metrópoles, de Brasília, que funcionava como uma vitrine para divulgação de notícias e publicidade do veículo de comunicação. O painel de 246 metros quadrados estava instalado na lateral de um prédio na capital federal. O Metrópoles alega que o equipamento tinha todas as autorizações necessárias e que a retirada é uma medida de censura por parte do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Segundo Lilian Tahan, diretora de redação do Metrópoles, o painel foi inaugurado em fevereiro deste ano, após mais de um ano de tramitação do pedido de instalação. Ela conta que a própria Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) – órgão que determinou a retirada do equipamento – já havia fiscalizado a documentação do painel e não encontrou irregularidades.
A determinação de retirada do equipamento só veio após o jornal veicular no painel materiais críticos à gestão do governador Rodrigo Rollemberg. No dia 16 de maio, o veículo de comunicação usou a estrutura de LED para veicular um anúncio do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília que criticava a gestão de Rollemberg.
De acordo com Tahan, após a publicação dessa publicidade assessores do governo procuraram o jornal pedindo que o anúncio fosse retirado.
A relação entre o Metrópoles e Rollemberg ficou ainda mais tensa depois que o portal publicou uma série de reportagens – com chamada no painel de LED – pressionando o governo para resolver o caso de um garoto que precisava de um leito de UTI em Brasília.
“Governador Rollemberg, ajude a salvar o Mateus. Ele precisa de uma UTI urgentemente”, dizia a chamada.
Depois disso, o portal de notícias foi notificado para que desligasse e retirasse o painel em 24 horas. Após conseguir a dilação do prazo por mais um dia, o Metrópoles foi multado e, no sábado (2), o governo começou a retirada do equipamento.
“A gente não teve nem direito de defesa. Não conseguimos apresentar nem mesmo os documentos que eles requisitaram”, afirmou Lilan Tahan.
Segundo ela, o jornal vai recorrer à Justiça para manter o painel de LED em funcionamento.
O que diz o governo
Em nota, o governo do Distrito Federal refutou a acusação de censura e afirmou que “o principal objetivo da operação é o de preservar a cidade e impedir que a ilegalidade vigore”. Segundo o Executivo, a ação foi uma “operação rotineira de remoção de engenhos publicitários colocados de forma irregular nas empenas e fachadas dos prédios”.
“Qualquer outra interpretação é uma clara postura equivocada, desinformada ou de má-fé. É sintomático e revelador que as vozes políticas que se levantaram contra a ação da Agefis sejam de oposição e queiram perpetuar a ilegalidade mantida por governos anteriores”, diz a nota do governo.
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