O governo federal se mobilizou neste sábado (2) para impedir qualquer movimento de retomada da greve dos caminhoneiros. O Planalto vem tratando como “fake news” os rumores sobre uma nova paralisação a partir do domingo (3) ou da segunda-feira (4). E, embora haja de fato manipulação de informações nas redes sociais sobre a volta da greve, o governo avalia que existe risco de que caminhoneiros passem a acreditar nas notícias falsas e voltem a cruzar os braços, desta vez para exigir a redução do preço de todos os combustíveis e de impostos e até mesmo a destituição de Michel Temer da Presidência.
Para evitar a retomada do movimento dos caminhoneiros, o Planalto atua em três frentes: a comunicação, a mobilização de forças de segurança e a fiscalização sobre os postos de combustíveis para que reduzam efetivamente o preço do litro do diesel em R$ 0,46, como já vem sendo feito pelas refinarias da Petrobras.
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As três frentes de atuação do Planalto em detalhes
Dentro da estratégia de comunicação, o governo produziu vídeos para redes sociais em que nega a notícia de que haverá nova paralisação dos caminhoneiros nos próximos dias. O material diz que “caminhoneiros de verdade” voltaram ao trabalho com o acordo fechado com o governo e que a suposta mobilização é organizada por radicais que “tentam botar medo nas pessoas espalhando mentiras por aí”.
O governo também elaborou um plano de segurança para evitar a retomada da paralisação. Segundo reportagem do jornal O Globo do sábado (2), a determinação é de que tropas do Exército e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuem rapidamente para dispersar qualquer concentração de caminhões que possam vir a surgir nas rodovias. Ou seja, a ideia é acabar com uma possível greve logo no seu início.
Já a fiscalização do preço do diesel nos postos, com ameaça de multa de até R$ 9 milhões àqueles que não reduzirem os R$ 0,46 no litro do diesel, é vista como essencial para que os caminhoneiros não voltem a ficar insatisfeitos com o governo. Embora as entidades que representam as distribuidoras e os postos tenham prometido se esforçar para repassar a redução integralmente, há reclamações de que isso não será possível em algumas situações.
Governo avalia que possibilidade de greve é pequena, mas não vai ignorá-la
O Planalto avalia que a possibilidade de uma nova greve é baixa, mas não pretende correr riscos ao ignorá-la.
Entidades representativas de caminhoneiros já negaram publicamente que pretendam retomar a paralisação. Uma parcela significativa dos caminhoneiros autônomos também teria ficado satisfeita com a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel – que começou a chegar às bombas dos postos de combustíveis no sábado (2).
Além disso, a aposta é que as transportadoras não estão dispostas aderir a uma eventual uma nova paralisação. Pelo menos 50 empresas vêm sendo processadas, e o governo aplicou R$ 339,5 milhões em multas por elas terem feito locaute (greve do empresariado) – o que é ilegal. E também já houve a prisão de donos de transportadoras, o que os desestimularia a cogitar o apoio a uma nova greve.
Porém, o governo teme que outros grupos de insatisfeitos se juntem aos caminhoneiros que não gostaram do acordo fechado com o governo para pôr fim à greve. E que eles possam causar problemas justamente no momento em que o país começa a voltar à normalidade.
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Principal foco de insatisfação atende pelo nome de “Chorão”
O principal foco de insatisfação tem como líder o caminhoneiro autônomo Wallace Landim, conhecido como “Chorão”, que é filiado ao partido Podemos. Ele vem tenta organizar uma concentração de caminhoneiros em Brasília no domingo (3) ou na segunda (4) para exigir do governo menos impostos e combustíveis mais baratos. Integrantes do grupo também falam em “intervenção militar” no país.
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Chorão gravou um vídeo, que rapidamente se espalhou pelas redes sociais, em que conclama os caminhoneiros a se unirem a ele em Brasília para um protesto que poderia ter até 50 mil caminhoneiros.
Nas imagens que correm nas redes sociais, ele está junto de muitos colegas – dando a impressão de que o movimento tem ampla adesão. Mas no ponto de concentração – o estacionamento do Estádio Nacional Mané Garrincha – havia apenas 15 caminhões neste domingo (3). E a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não identificou, por ora, qualquer movimento atípico de caminhoneiros em direção a Brasília. Além disso, Chorão já afirmava que o movimento não seria de paralisação , mas de mobilização.
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