O governo, com apoio de alguns dirigentes partidários, vai para o tudo ou nada numa última tentativa de aprovar a reforma da Previdência ainda este ano. A tática agora é pressionar os deputados e ameaçar aqueles que votarem contra. A estratégia é fechar questão, o que significa que quem votar contra a reforma pode ser punido, como ter que deixar a legenda.
E, pelo acordo entre alguns partidos, o deputado punido não será recebido por outra legenda que aceitar esse acordo. Ou seja, uma dura medida que ameaça o futuro político dos “dissidentes”. Alguns partidos governistas vão expulsar e não vão receber os contrários ao governo nessa matéria.
Um dos líderes desse movimento é o presidente do PTB, o controverso Roberto Jefferson, que foi um dos primeiros a falar, no domingo (3), no jantar na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e anunciou essa estratégia do “tudo ou nada”. Ele comunicou que o PTB, que tem bancada de 16 deputados, vai fechar questão e que quem votar contra estará fora e terá dificuldade a seguir para outro partido da base na janela eleitoral, em março de 2018.
Na sequência de Jefferson, falou o ministro Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, presidente licenciado do PSD. Foi na mesma linha de Jefferson e ameaça os dissidentes. Dos 38 deputados de seu partido, quase a metade já declarou votar contra a reforma da Previdência.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente de sua legenda, que tem 48 deputados, foi na mesma linha. O PP vai expulsar quem votar contra e não vai receber nenhum “dissidente”. Sete deputados do PP, pelo menos, são declaradamente contra a reforma.
Depois desses três discursos, feitos na frente do presidente Michel Temer, vieram os que entendem que não é bem assim. O presidente do Democratas, Agripino Maia, disse que não conhecia o texto do relator Arthur Maia (PPS-BA) e que não iria para o confronto com seus deputados. Estima-se que um terço dos 29 deputados da legenda seja contra mexer na Previdência.
Depois, falou o presidente tampão do PSDB, Alberto Goldman. Ele disse que deixa o comando da legenda em poucos dias e que o melhor é deixar esse assunto com seu sucessor, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que, tudo indica, assumirá a presidência dos tucanos.
No final, foi a vez do líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), que, ao contrário dos outros, anunciou que seu partido não irá fechar questão e que vai conversar com a bancada e apresentar um diagnóstico com a tendência de votos na legenda. Dos 37 deputados do PR, 16 declararam a uma pesquisa da Folha de S. Paulo, na semana passada, que votarão contra a emenda de Arthur Maia que mexe na Previdência.
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