A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou nota, nesta quarta-feira (23), com duras críticas à política de reajustes de preços da Petrobras, afirmando que a estatal mente. Segundo a confederação, a estatal pratica uma medida desproporcional ao basear seus preços nas cotações internacionais do petróleo, pois seus custos nas refinarias são internos, independentes do mercado internacional.
A CNT diz que transportadores não podem responder pela ineficiência da estatal e pelos escândalos de corrupção que ocorreram na empresa. As declarações foram feitas em meio ao terceiro dia de greve de caminhoneiros que causa paralisação em estradas em todas as regiões do Brasil.
A confederação também criticou a proposta do governo de zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) do óleo diesel, afirmando que a medida terá impacto irrisório no preço do combustível. Segundo a CNT, a política de preços de combustível deve considerar as condições econômicas do Brasil.
A organização diz que, em comparação a outros países que possuem perfil similar ao desenvolvimento econômico brasileiro, como Rússia e México, o preço do óleo diesel no Brasil é superior. Reclama também do momento em que a política de reajustes foi implantada, apontando que o setor de transportes ainda luta para se recuperar da crise financeira dos últimos anos.
A Petrobras não havia respondido à nota da CNT até a publicação deste texto.
Leia a nota na íntegra:
Petrobras mente
1) A política de preços adotada pela Petrobras em suas refinarias, que acompanha a alta das cotações internacionais do petróleo, é uma medida desproporcional, pois ela tem custos internos e não internacionais.
2) Transportadores não podem responder pela ineficiência da Petrobras e pela corrupção que ocorreu na estatal.
3) Países autossuficientes na produção de petróleo praticam preços do óleo diesel mais baratos.
4) Em comparação a outros países que possuem perfil similar ao desenvolvimento econômico brasileiro, como Rússia e México, o preço do óleo diesel no Brasil é superior. O óleo diesel cobrado no Brasil é, em média, 15% superior ao cobrado nos Estados Unidos, sendo que a renda média neste país é seis vezes maior que a do brasileiro.
5) A política de preços de combustível deve considerar as condições econômicas do Brasil.
6) Essa política equivocada e desastrosa não poderia ter sido implantada em pior momento para o setor transportador, que ainda luta para superar as perdas da forte recessão econômica.
7) Os sucessivos aumentos do óleo diesel comprometem com mais intensidade o transporte rodoviário, que responde pelo tráfego de 90% dos passageiros e por mais de 60% da movimentação de bens e produtos no Brasil.
8) A solução apresentada, até o momento, pelo governo em nada contribuirá para garantir as condições mínimas de operação do transporte rodoviário de cargas e passageiros no país. A retirada da Cide sobre o óleo diesel terá impacto irrisório no preço final do combustível.
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