Após a paralisação geral convocada por entidades sindicais que mexeu com a rotina dos brasileiros nesta sexta-feira (28), a pergunta que fica é: terá tido ela a força necessária para mudar os votos dos parlamentares na apreciação das reformas trabalhista e da Previdência?
A oposição entende que os atos foram expressivos e podem sim influenciar aqueles que receiam votar a favor das reformas em curso no Congresso e que são mais sensíveis à voz das ruas. Já parlamentares da base de apoio do presidente Michel Temer avaliam que o impacto da manifestação foi pequeno e opiniões já formadas dificilmente mudarão. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ex-presidente Lula disse que a sensibilidade política dos parlamentares é zero ao comentar o impacto das greves.
Um dos vice-líderes do governo, o deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS), muito próximo a Temer, diz que os parlamentares vêm recebendo pressão bem antes da votação da reforma trabalhista e que, ao menos parte deles, continua firme ao lado do governo. “Essa é uma greve política, feita por partidos e sindicatos que não defendem o trabalhador. Não é uma greve para melhorar o salário do trabalhador ou suas condições de trabalho. É um movimento feito por sindicatos que vivem do imposto sindical, de dirigentes com altos salários”, disse Perondi.
O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) acha que a greve desta sexta não altera o quadro de votação na Câmara, mas ressalta que a reforma da Previdência, independentemente da mobilização, precisará ser mais discutida. Disse ser bem diferente da trabalhista.
“Não acredito que essa greve mude alguma coisa na Câmara. Ela foi um fiasco. Vandalismo não é greve. Ninguém mais quer ir para as ruas atender a um pedido de petistas, da Rede ou do PSOL. Isso acabou. Não vi ninguém batendo na reforma trabalhista, a não ser os pelegos e aqueles que têm boquinhas em sindicato. Agora, em relação à reforma da Previdência, é outra questão. Vai ser preciso discutir mais”, disse Fraga, confirmando que entre os governistas as mudanças na Previdência não convenceram ainda a parte dos apoiadores de Temer no Congresso.
Presente no ato público em Brasília, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) entende que o movimento foi expressivo e que tem poder de influenciar no voto dos parlamentares no Congresso. “Na verdade, para o governo Temer tanto faz esse movimento. Digo isso porque é um governo que já se apoderou dessas reformas e se assumiu como uma pinguela precaríssima. Para ele, tanto faz. Agora, para os parlamentares é diferente. Tem efeito, tem peso. Qual é o sentimento hoje de um deputado que viu seu nome e sua foto estampado nas ruas como alguém que votou contra o interesse dos trabalhadores”, disse Alencar.
O protesto na Esplanada dos Ministérios, segundo os organizadores, foi acompanhado por 25 mil pessoas. A Polícia Militar, numa avaliação ainda na parte da manhã, divulgou que 2.900 manifestantes estavam no ato. O presidente Michel Temer apareceu em cartazes com a imagem associada à de Hitler, com a inscrição “traidor”.
Greve não deve prejudicar votação da Previdência, diz Moreira Franco
O ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência da República, descartou prejuízo ao processo de votação da PEC da Previdência por causa dos protestos desta sexta-feira. “Há uma consciência muito forte de que é preciso que nós enfrentemos a questão da reforma da Previdência. Se não tomarmos alguma medida urgente, vamos ter no governo federal o mesmo quadro do Rio de Janeiro, onde temos visto drama e desespero de pensionistas e aposentados que não estão recebendo”, disse em entrevista à Rádio CBN.
Questionado sobre se o governo não deveria convencer sua própria base da necessidade das mudanças na Previdência, já que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, tem se colocado contrário às reformas, Moreira Franco disse que não responde a provocações do senador. O ministro ainda reforçou que a medida é importante para tirar o País da “maior crise econômica da história” e recuperar a capacidade de gerar empregos.
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