Em compasso de espera. Assim está Porto Alegre, cidade palco de um evento que pode alterar profundamente a disputa presidencial em outubro. É no prédio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em frente ao Parque Harmonia, que será julgada a apelação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A seis dias do julgamento, autoridades reunidas em um grupo de trabalho conversam entre si e com representantes de movimentos sociais para definir a operação Lula. O ex-presidente não deve vir à cidade na próxima quarta-feira (22), mas a Frente Brasil Popular espera a chegada de 50 mil pessoas para manifestar solidariedade ao petista.
A Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul já definiu que o entorno do tribunal será isolado. O perímetro inclui o Parque Harmonia, onde, inicialmente, os movimentos de esquerda planejavam montar acampamento. A data de início do isolamento ainda não foi determinada, mas os sete prédios públicos ao redor da corte terão o expediente suspenso a partir de meio-dia de terça-feira (23). Só entra no perímetro quem estiver credenciado.
Leia também: Julgamento de Lula no Tribunal da Lava Jato terá transmissão ao vivo
Os lugares destinados para manifestações também não foram definidos. Na tarde desta quinta (18), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) reuniu-se com representantes da Secretaria de Segurança, da Brigada Militar e do Ministério Público.
Vigília
Segundo o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, a conversa trouxe progressos importantes em respeito à montagem do acampamento e à realização de vigília no dia anterior ao julgamento. Nesta sexta (19), haverá outro encontro para buscar uma conclusão.
Nespolo diz que as caravanas começarão a chegar no domingo (21) à noite e que o acampamento deve ser montado na segunda-feira (22) de manhã. São esperados 300 ônibus do interior do Rio Grande do Sul e outros 150 de fora.
Também nesta sexta, o Movimento Brasil Livre (MBL) tem hora marcada com a Prefeitura de Porto Alegre. O grupo, contrário ao ex-presidente, quer promover um “bloco de Carnaval”, o “CarnaLula”, no Parque Moinhos de Vento, a partir das 18 horas de quarta-feira (24). A autorização está pendente.
Leia também: Em Porto Alegre, acusação pedirá aumento da pena que Moro deu a Lula
Efetivo policial
O policiamento ainda não foi fechado. O secretário de Segurança do Rio Grande, Cezar Schirmer, afirma que o efetivo depende da quantidade de manifestantes. Mesmo assim, a secretaria trouxe à capital cerca de 450 homens do Batalhão de Operações Especiais de Passo Fundo e Santa Maria. Além disso, agentes que normalmente patrulham o litoral durante o verão foram provisoriamente transferidos de volta a Porto Alegre.
Por fim, 150 homens da Força Nacional de Segurança, que já atuam há cerca de um ano no combate à onda de violência na cidade, foram orientados a proteger os prédios federais na região do TRF-4.
“Bobagem”
O secretário Schirmer diz considerar uma “bobagem” a recente declaração da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Nesta semana, a senadora afirmou ao site “Poder 360” que, para prender o Lula, “vai ter que matar gente”.
“A impressão que eu tenho é de que não há a intenção de descambar um protesto legítimo em atos de violência. Exceto pela verbalização de um ou outro radical, por exemplo, a presidente do PT, dizendo aquela bobagem”, afirma Schirmer à reportagem.
Para o secretário, a fala de Gleisi não ajudou em nada, “nem sequer o PT”. “Num ambiente que está no país, de grande hostilidade, só ver as redes sociais, uma declaração dessa natureza não ajuda em nada.”
Schirmer diz que o governo defende o direito à manifestação, dentro dos limites da lei e da “não-violência”. “Infelizmente, o Brasil tem um pouco de tradição nessa área [vandalismo], mas estamos agindo no sentido de evitar.”
“Inócua”
O secretário afirma ver como “inócua” a decisão do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), de pedir a presença do Exército durante o julgamento. Schirmer diz que não era da competência da prefeitura fazer este pedido. “No dia em que ele anunciou, teve uma reunião com o pessoal dele aqui dentro [mais cedo].”
Questionado se o tucano teria atravessado o governo, o secretário ressalta que o prefeito passou por cima de seus próprios servidores, que “estavam ali, tratando, discutindo”. “Quis jogar um pouco para a plateia.”
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT