“Imaginem então o general, que, emergindo da tediosa e austera secura da vida militar, se vê de repente cercado de luzes, câmeras e gostosas repórteres. Cai de joelhos”. Olavo de Carvalho, guru ideológico do presidente Jair Bolsonaro, publicou nesta sexta-feira (8) no Twitter uma nova série de ataques à imprensa e à ala militar do governo, que deu ordem para que os comentários ofensivos do escritor sejam ignorados no Planalto.
Um dia antes, Olavo havia pedido para que seus alunos deixassem a administração federal com o argumento de que há muitos inimigos entre os que cercam Bolsonaro – no que foi entendido como uma alusão indireta ao vice-presidente, general Hamilton Mourão, que tem atuado como espécie de bombeiro a cada declaração ou ato polêmico do presidente.
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“Todos os meus alunos que ocupam cargos no governo – umas poucas dezenas, creio eu – deveriam, no meu entender, abandoná-los o mais cedo possível e voltar à sua vida de estudos”, escreveu Olavo. “O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles”, completou.
Aliados de Bolsonaro avaliam que Olavo resolveu comprar uma briga desnecessária e inexplicável com Mourão e que é preciso desconsiderar declarações dessa natureza, tratando-as como desimportantes, nas palavras de um auxiliar próximo ao presidente.
Nesta sexta, o mentor da nova direita no Brasil voltou a atuar, comentando a repercussão de um vídeo com imagens obscenas divulgado por Bolsonaro no Carnaval. Segundo Olavo, o Brasil “perdeu senso de orientação”. “Um país onde os que produzem a pornografia são louvados como artistas e os que a denunciam como imoral são acusados de pornógrafos não só perdeu senso de orientação como também considera um crime toda tentativa de reconquistá-lo”.
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A ala militar do governo ficou bastante incomodada com a divulgação do vídeo pelo presidente e atuou para conter os danos da polêmica, que teve repercussão internacional.
Na visão de Olavo, no entanto, Bolsonaro não deve dar atenção à imprensa tradicional e deve se comunicar diretamente com o povo – o presidente publicou o vídeo no Twitter e essa foi justamente uma das principais críticas sobre a ação, que teria um alcance em massa praticamente livre de filtros.
Críticas à imprensa
O guru ideológico de Bolsonaro disse que os políticos em Brasília estão longe do povo e perto da mídia e que, por isso, argumenta, “obedecem” aos jornalistas. A imprensa é alvo habitual de seus ataques, em eco com o que faz Bolsonaro e seus filhos. Para eles, os movimentos progressistas deterioram o cenário jornalístico, cultural e acadêmico.
“Cada politico, em Brasília, está longe do povo e perto da mídia. Logo ele entende a quem deve obedecer. Será que todos votamos no Bolsonaro para ter um governo tucano? Quantos ministros do atual governo pensam que sim? E não são todos eles uns traidores filhos da puta dignos de ser jogados na privada?”, escreveu Olavo nesta sexta.
“Existe fraude mais porca do que jornais sem leitores falarem no tom de quem fosse lido pela nação inteira?”, completou.
De acordo com o escritor, para acompanhar a imprensa tradicional no Brasil é preciso fazer renúncias em relação à consciência, capacidade cognitiva e memória das pessoas. “A autoridade dessas porcarias baseia-se inteiramente na nossa autodestruição psíquica”.
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