No terceiro dia de julgamento no TSE, Herman Benjamin usou de metáforas e de termos pouco usuais num tribunal na tentativa de convencer os colegas que a chapa Dilma-Temer merece ser cassada. O relator afirmou existir “provas oceânicas” que comprovam uso de caixa dois na campanha disse que a Odebrecht é a “matriarca da manada de elefantes da savana que praticou a rapinagem” contra o dinheiro público.
Benjamin monitorava os colegas de tribunal e advogados e cobrava a presença deles no plenário, quando se ausentavam em alguns instantes. “É uma pena que o ministro Napoleão tenha saído, gostaria que ele ouvisse o que vou dizer”, disse.
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Muitas vezes, ao falar sobre as diferenças entre caixa 1 e caixa 2 no seu voto, e outras tipologias adotadas por ele, Benjamin aproveitava para cutucar colegas contrários à sua teoria, em especial Admar Gonzaga, citado pelo menos seis vezes por ter dito que iria apreciar apenas questões relacionadas a caixa 1.
Em outro momento, Benjamin quis lançar uma pergunta retórica ao presidente do TSE, Gilmar Mendes, que não escutou de primeira. Benjamin insistiu. “Não é, Gilmar?”.
Napoleão Nunes Maia, principal contestador do voto de Benjamin, foi um alvo predileto do relator. Num momento em que estava com a palavra pediu ao relator que não interviesse porque é tímido, raso, contraído e com dificuldade de falar. Benjamin, então, disparou: “Percebe-se”.
Na sua primeira manifestação desde o início do julgamento, a ministra Rosa Weber citou o poeta e letrista piauiense Torquato Neto e se referiu a uma parceria dele com Gilberto Gil, a canção “Louvação”, da década de 70. E fez referência à interpretação de sua conterrânea Elis Regina. A ministra citou um verso da letra.
“Vou fazer a louvação do que deve ser louvado/Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado”.
Aventura em Águas de São Pedro
O clima entre Mendes e Benjamin nesta quinta foi mais ameno, menos agressivo. Na retomada do julgamento à tarde, o presidente do TSE contou que tem uma relação muito antiga e próxima com o relator, de mais de 30 anos. Mendes, ao fazer um agrado a Benjamin, contou que eles vivenciaram uma aventura ao viajarem para Águas de São Pedro, uma cidade turística no interior de São Paulo, em um avião monomotor.
“Eu o ouço como amigo. E como amigo sei até mais como o senhor pensa do que como ministro. Não é um diálogo entre juristas, mas entre amigos”, disse Gilmar.