Um senador do PSDB caiu nas graças do PT e de outros partidos da oposição nesta terça-feira (20) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), no Senado. Médico, advogado e estudante de Jornalismo, o senador sergipano Eduardo Amorim (PSDB), de 54 anos, foi voto decisivo para derrotar a reforma trabalhista nessa comissão por um placar de 10 a 9. Em silêncio durante todo o tempo que se debateu o tema nos últimos meses, Amorim se manifestou só no momento de “cravar” o seu voto, como gosta de enfatizar.
O senador é um neo-tucano. Está no partido há dois meses, egresso do PSC. Ele disse que votou de acordo com “sua consciência e coerência” e afirmou não ter medo de retaliação de seu partido, e nem acha que isso irá ocorrer. No final da sessão, foi saudado e abraçado por petistas.
“O senador Lindbergh me cumprimentou e disse que não esperava meu voto nesse sentido. Disse a ele, então, que, depois de tantos anos de convívio, não me conhecia”, contou Amorim, surpreso com a repercussão provocada por seu voto.
“Não esperava essa repercussão. Votei contra por consciência e coerência. O trabalhador brasileiro é sempre chamado a pagar uma conta que não é dele. Chega de sofrer. Na hora difícil, se chama o trabalhador para pagar a conta das mazelas do país”.
Para ele, o governo “avaliou mal” se contabilizava seu voto pró-reforma.
Favorável ao desembarque
Para Amorim, já é hora de o PSDB desembarcar do governo Michel Temer. Seu argumento está relacionado com 2018, quando, diz, será difícil o candidato da legenda à Presidência ter que explicar a participação na gestão do peemedebista.
“Minha posição é que o PSDB apoie o que é bom para o país, mas sem estar no governo. Para que cargos, ministérios? Ano que vem o partido deverá ter candidato e esse candidato vai pregar mudanças, mas como vai fazer isso estando no governo? Defendo a saída, mas apoiando o que for de interesse do país”, disse.
O senador evitou participar de debates e emitir opinião durante a discussão na comissão em nome da unidade do PSDB. Ele não queria confrontar o relator, o também tucano Ricardo Ferraço (PSDB-ES). “O partido ia ficar muito exposto com integrantes da comissão com posições diferentes”.
Ele contou também que sua oposição à reforma trabalhista era do conhecimento dos líderes do governo, mas nunca foi chamado para discutir o assunto no Palácio do Planalto. “Não, isso não. Não tinha razão de ir ao Palácio. Ninguém me chamou para isso”.
A reforma da Previdência, para o senador, não terá nem chances de passar. “Isso não é para esse governo. Um governo mergulhado em inúmeras crises não tem que enfrentar tantas batalhas ao mesmo tempo”.
Para ele, o governo deveria centrar força na aprovação da reforma tributária, a mais importante no seu entendimento. “O Brasil tem 94 tipos de tributos, taxas e impostos. Se cobra mal e forma perversa, injusta. É mal fiscalizado. Se cobra de quem não tem, de quem abre mão de remédio e comida para pagar o Estado. É hora de enxugar isso”.
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