Próximo de completar três meses de prisão na Polícia Federal em Curitiba (PR), no próximo dia 7 de julho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viveu seu maior dia de indignação no cárcere na segunda-feira passada (25). Foi o dia em que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), transferiu para o plenário da Corte o julgamento do pedido de sua liberdade. A Segunda Turma do STF, ao contrário do plenário, tem sido contrária à execução da pena após condenação em segunda instância judicial – caso de Lula.
O relato da indignação do ex-presidente é do deputado Wadih Damous (PT-RJ), e que também atua como advogado do ex-presidente. Damous esteve com Lula em Curitiba nesta semana e disse que, nesse tempo todo que ele está preso, nunca o viu tão revoltado. Segundo o parlamentar, Lula classificou a decisão de Fachin de arquivar seu pedido de soltura e jogar a decisão para o pleno do tribunal como "um jogo de cartas marcadas".
LEIA TAMBÉM: Justificativa do STF no caso de José Dirceu pode ser usada para soltar Lula
O deputado postou a indignação de Lula nas suas redes sociais. "Acabo de visitar o Presidente Lula. Embora esteja bem física e mentalmente, manifestou profunda indignação com a manobra de Fachin. Para ele o processo virou um jogo de cartas marcadas onde a voz da defesa não é ouvida. O Presidente tem toda razão", publicou Damous.
Deputado diz que Fachin deu uma “rasteira” em Lula
Procurado pela Gazeta do Povo, o deputado petista disse que Lula estava "extremamente indignado" e que nunca o viu assim antes. "Ele se sentiu como se tivesse acabado de tomar uma rasteira. Não é próprio de um ministro do STF dar uma rasteira. Dos dias que eu já estive lá nunca o vi num momento de tanta revolta e indignação".
Nesta quinta-feira (28), Fachin, que é relator da Lava Jato no STF, liberou o pedido de Lula para a pauta de julgamento do plenário. Nem aguardou uma posição da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o assunto, pedida por ele mesmo. Ele deu o prazo de 15 dias para manifestação do Ministério Público.
A pressa de Fachin pode ter sido motivada pelo fato de a defesa de Lula ter protocolado, também nesta quinta, uma reclamação contra a decisão do relator em enviar o caso para o plenário. Para a defesa de Lula, essa reclamação deveria ser encaminhada para algum ministro da Segunda Turma. Cabe à presidente do STF, Cármen Lúcia, decidir se pauta o julgamento de liberdade para Lula ou se envia o recurso para outro relator.
Mas a defesa de Lula contra-atacou mais uma vez. E, depois que Fachin liberou o pedido do ex-presidente para o plenário, entrou com mais um recurso: um embargo de declaração à Segunda Turma, com solicitação para ser julgado antes do pedido anterior pelo plenário. A estratégia é que o assunto não seja discutido pelo conjunto dos 11 ministros – onde a defesa acredita ter menos chances de vitória.
Lula fala da Alemanha na Copa
Perguntado sobre que outros temas conversou com Lula, Damous citou o futebol. E disse que o ex-presidente estava entusiasmado com o futebol da Alemanha. Mas a conversa entre os dois se deu na segunda, antes da derrota dos alemães para a Coréia do Sul, ocorrida na quarta.
"Só posso concluir que, como comentarista de futebol, o Lula é um excelente presidente da República".
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Deixe sua opinião