O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começa nesta segunda-feira (23) uma caravana pelo estado de Minas Gerais, tem um novo encontro marcado com a Justiça na próxima semana. O petista vai ser interrogado na segunda-feira (30) pelo juiz federal Vallisney Oliveira, em Brasília, em um dos processos da Operação Zelotes.
Neste processo, Lula é suspeito de influenciar na compra, pelo governo brasileiro, de 36 caças da empresa sueca Saab e na prorrogação de incentivos fiscais à montadoras de veículos. O ex-presidente é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de tráfico de influência, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os crimes teriam ocorrido entre 2013 e 2015.
INFOGRÁFICO: Veja todas as acusações que pesam contra Lula
O filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, também é réu no processo e será interrogado no mesmo dia. Segundo o MPF, lobistas teriam repassado R$ 2,5 milhões a Luís Cláudio para que Lula fizesse lobby na compra dos caças.
Os interrogatórios estão previstos para às 14h30 da segunda-feira, data em que o petista pretende encerrar sua caravana por Minas Gerais em um evento na capital, Belo Horizonte. Segundo informações da Folha de S. Paulo, a defesa de Lula tenta adiar o interrogatório para que o ex-presidente possa terminar a caravana antes de depor à Justiça.
Lula já foi interrogado na Justiça Federal de Brasília no processo que investiga a suposta compra de silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. O MPF pediu a absolvição de Lula nesse caso por falta de provas de seu envolvimento nos crimes denunciados.
Além do processo dos caças, Lula responde a mais dois processos na Justiça Federal de Brasília. Um dos processos também acusa o ex-presidente de tráfico de influência: Lula teria atuado para liberar verba do BNDES em obra da Odebrecht em Angola. O segundo, referente à Zelotes, acusa Lula de ter recebido recursos ilegais em 2009, quando ainda ocupava a Presidência da República.
O ex-presidente também é réu em dois processos em Curitiba. No primeiro, o MPF acusa o petista de ser o dono de um apartamento em São Bernardo e de ter recebido da Odebrecht um terreno para a instalação de uma nova sede para o Instituto Lula. O petista já foi ouvido por Moro neste processo e negou todas as acusações. No segundo, Lula é acusado de ser o proprietário de um sítio em Atibaia e de ter usado um laranja para ocultar a propriedade.
O petista já foi condenado por Moro a 9 anos e seis meses de prisão no processo em que o MPF o acusava de receber da OAS um tríplex no Guarujá como forma de pagamento de propina por obras da Petrobras. O caso ainda vai ser analisado em segunda instância e, se a condenação for mantida, Lula pode ficar inelegível e impedido de disputar a Presidência no ano que vem.