A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, abriu a sessão desta quinta-feira (21) informando que a investigação aberta para apurar menções feitas pelo dono da JBS, Joesley Batista, pelo executivo Ricardo Saud a integrantes da Corte não encontrou indício de participação de ministros em “qualquer ato ilícito”.
A investigação será arquivada, segundo Cármen, após o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Rogério Galloro, apresentar o relatório conclusivo do inquérito. “Não foram encontradas gravações que indicassem qualquer participação de ministros deste Supremo Tribunal Federal envolvidos ou citados em qualquer ato ilícito”, afirmou a ministra.
Segundo a presidente da Corte, não pode pender sobre o STF “a mais leve dúvida” sobre a conduta dos que compõem o tribunal. “Esta Corte, que tem o compromisso da guarda da Constituição, Constituição que tem como seu princípio a moralidade pública”, disse.
Gravações falam em “dissolver” o STF
Nas mais de quatro horas de conversas gravadas, os interlocutores falam sobre “dissolver o Supremo” da mesma forma que, nas palavras de Joesley Batista, a Odebrecht “moeu” o Legislativo. No áudio, eles falam em “pegar três” ministros – Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Mas não havia menção ou atribuição a algum tipo de crime.
Em setembro, Cármen exigiu que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) fizessem uma “investigação imediata”. A determinação ocorreu após o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deixou o cargo em 18 de setembro, determinar a abertura de investigação para apurar o caso. À época, Janot citou as suspeitas sobre ministros do STF.
A presidente do Supremo chegou a gravar um pronunciamento em vídeo no qual disse que a “dignidade institucional” do STF e a “honorabilidade de seus integrantes” foram agredidas “de maneira inédita na história do País”.
“Impõe-se, pois, com transparência absoluta, urgência, prioridade e presteza a apuração clara, profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos brasileiros a um Judiciário honrado”, afirmou Cármen à época.