A investigação do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), mudará de mãos. Quem analisará o caso a partir desta quarta-feira (6) é o promotor Luís Otávio Lopes, titular da 25ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Em 2013, Lopes pediu a prisão preventiva de 23 ativistas acusados de depredações durante as manifestações de junho daquele ano. O promotor acusou o grupo de formação de quadrilha, e a prisão foi ordenada horas depois pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, em julho de 2014.
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Segundo a polícia alegou na época, o grupo se organizaria em subgrupos e manteria uma hierarquia. Um dos agrupamentos cuidaria do planejamento de ataques, outro seria responsável por produzir e distribuir bombas, coquetéis molotov e outras armas, outro arregimentaria pessoas dispostas a executar atos de vandalismo.
Um dos ativistas cuja prisão foi requerida foi Elisa Quadros Sanzi, também conhecida como Sininho, apontada como líder do grupo. Segundo o promotor, ela teria incitado manifestantes a incendiar o prédio da Câmara Municipal do Rio e a queimar um ônibus em outro ato.
Escolha de Lopes ocorre após mal estar no MP
Inicialmente designado para o caso, o promotor Claudio Calo se declarou suspeito, na noite da terça-feira ( 5). Calo tomou essa iniciativa depois da repercussão negativa de antigas publicações feitas pelo promotor em sua conta no Twitter. Nelas, o representante do Ministério Público compartilhou postagens sobre a família do presidente da República, Jair Bolsonaro, e comentou o caso Queiroz.
Houve grande questionamento nas redes sociais sobre a imparcialidade do promotor. Calo disse que deixou o caso por uma “questão técnica e não por pressão, em razão do Twitter, ou por questão de simpatia ou antipatia pela família.” E completou: “Já denunciei pessoas de vários partidos MDB, DEM, PT, PRTB dentre outros.”
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O promotor também alegou, em seu pedido de suspeição, que, apesar de não ser amigo ou inimigo de nenhuma pessoa mencionada nos autos, encontrou-se pessoalmente com Flávio quando este era deputado estadual e senador eleito ainda não diplomado. A reunião teria sido antes dos fatos investigados serem divulgados pelos meios de comunicação, no dia 30 de novembro.
O objetivo do encontro, segundo ele, era tratar “exclusivamente de questões relacionadas com a segurança pública, precisamente com o combate à corrupção e o combate à lavagem de capitais, assim como projetos de leis relacionados com crimes contra administração pública e lavagem de capitais”.
Entenda o caso
O Ministério Público investiga desde julho Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. No período, ele realizou, em média, um saque de altos valores a cada dois dias. A suspeita da Promotoria é que o PM aposentado seja responsável por recolher parte dos salários de funcionários do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para finalidade ainda incerta.
Ainda de acordo com o Coaf, Flávio Bolsonaro recebeu 48 depósitos suspeitos em 1 mês, totalizando R$ 96 mil. Os depósitos foram realizados em espécie e foram realizados entre junho e julho de 2017.
O senador nega que tenha cometido irregularidades e diz que é alvo de uma perseguição. Queiroz afirmou em entrevistas que vai explicar a movimentação às autoridades, mas até agora não compareceu ao Ministério Público. A defesa dele solicitou que o depoimento seja dado por escrito.
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