Em meio à divisão do PSDB em relação à permanência no governo e à investida de setores do PMDB sobre cargos comandados por tucanos infiéis, o presidente Michel Temer distribuiu afagos ao prefeito de São Paulo, João Doria, uma das principais lideranças do PSDB a defender a manutenção da aliança com o peemedebista.
“Vejo aqui um parceiro e um companheiro. Alguém que compreende como ninguém os problemas do país”, disse Temer, nesta segunda-feira (7), em evento na prefeitura de São Paulo. Temer e Doria assinaram um acordo que prevê a concessão ao município de parte do Campo de Marte, hoje sob controle da Força Aérea, para construção de um parque e de um museu aeroespacial. A disputa judicial entorno da área vem desde 1958.
Temer se aproveitou do tema para fazer mais um afago ao prefeito. “Quanto tempo os astronautas levaram para tentar chegar a Marte e o João Doria em menos de sete meses chegou a Marte”, disse o presidente em referência ao curto período de tempo de Doria na prefeitura. A visita de Temer ocorre depois de o prefeito dizer que a permanência do peemedebista na Presidência “ajuda a retomar o crescimento do Brasil”.
Tanto o prefeito quanto o presidente usaram o simbolismo do ato para reforçar o discurso em torno da conciliação nacional, presente nos primeiros discursos de Temer ainda durante o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e, assim, tentar dar um ar de normalidade ao governo e deixar para trás as denúncias de corrupção menos de uma semana depois de a Câmara ter rejeitado a abertura de processo para investigar o presidente. “Nós precisamos conciliar as posições e ele (Doria) está fazendo algo que defendemos há algum tempo”, disse Temer.
Temer irritado
Frente aos afagos do presidente, Doria voltou a negar que seja candidato à Presidência da República nas eleições do ano que vem. Segundo ele, as relações com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, fiador de sua candidatura a prefeito e principal nome do PSDB para a disputa ao Planalto, continuam “excelentes”.
De acordo com Doria, Alckmin, que tinha presença confirmada no evento de acordo com a agenda do prefeito, desistiu de ir ao ato para não ofuscar o papel da prefeitura no acordo em torno do Campo de Marte. “Ele (Alckmin) foi generoso”, disse Doria.
Mas, segundo site O Antagonista, Temer estaria irritado com a desfeita do governador de São Paulo. Alckmin continua dizendo que o PSDB deveria desembarcar do governo e o peemedebista esperava aparar arestas no encontro. Doze dos 13 deputados tucanos de São Paulo votaram pelo recebimento da denúncia por corrupção feita pela Procuradoria Geral da República na sessão de quarta-feira (2). Além disso, Alckmin não liberou dois secretários com mandato de deputado federal, Floriano Pesaro e Samuel Moreira, para votar na Câmara.
Direita vê ação contra militares como “cortina de fumaça”; governistas associam caso a Bolsonaro
O que diz o relatório da PF que levou à prisão de militares por plano de morte de Lula e Moraes
PF diz que Braga Netto foi peça-chave em suposto plano de golpe de Estado
Quem são os secretários escolhidos por Trump para compor o governo dos EUA a partir de 2025