O presidente Michel Temer decidiu adiar a troca do articulador político de seu governo depois do vazamento da informação de que ele havia escolhido o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para o posto.
A mudança havia sido confirmada em caráter reservado por integrantes do Palácio do Planalto no início da tarde desta quarta-feira (22), antes que o presidente tivesse discutido a substituição com o atual ministro da Secretaria de Governo, o tucano Antonio Imbassahy. A conta oficial do Planalto no Twitter chegou a informar que Marun assumiria o cargo na mesma cerimônia de posse do novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy.
Temer se irritou com o vazamento, que ocorreu horas depois de ele pedir ajuda a Imbassahy e ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) para conquistar votos entre os tucanos na aprovação da reforma da Previdência.
Tanto Imbassahy como Marun participaram da solenidade de posse do novo ministro – ambos na plateia. O deputado do PMDB disse que “ainda” não foi convidado “oficialmente” por Temer para a função. “Não fui convidado oficialmente. Vou acompanhar e continuo desempenhando minhas funções de deputado federal. Se vier a ser convidado, estou à disposição do presidente”, afirmou.
Por ordem de Temer, o Planalto emitiu uma nota em que reiterava a permanência de Imbassahy no cargo. O presidente temia que o anúncio precipitado da saída do tucano provocasse uma reação que minasse o apoio do PSDB à reforma da Previdência.
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Aliados de Imbassahy no PSDB reagiram mal ao vazamento da troca, uma vez que Temer ainda não havia definido um novo posto para ele no governo. O tucano chegou a recusar sua migração para a Secretaria de Direitos Humanos.
Indicado pela bancada do PMDB na Câmara, Marun ainda é o favorito do Planalto para o cargo. Ele foi o principal líder da tropa de choque do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no processo que levou à cassação e à prisão do parlamentar fluminense.
O nome de Marun enfrentava resistência de alguns partidos, como o PR e o PSD, que chegaram a sugerir nos bastidores a manutenção de Imbassahy no posto. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendia a permanência do ministro tucano.
A maioria dos partidos da base aliada, entretanto, cobrava a saída do tucano do posto desde que o PSDB começou a se afastar do governo. Temer chegou a admitir a manutenção de Imbassahy, mas aceitou o nome de Marun em um esforço para destravar a votação da reforma da Previdência.
Confusão
Depois que o Planalto afirmou que Imbassahy permanecia no cargo, a conta oficial do governo nas redes sociais cometeu uma gafe.
A mensagem que anunciava a posse de Baldy no Ministério das Cidades incluiu também a nomeação de Marun para a Secretaria de Governo. A mensagem ficou alguns minutos no ar e foi apagada.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Imprensa não se pronunciou sobre a gafe.
Baldy toma posse no Ministério das Cidades
Temer assinou nesta quarta o termo de posse de Alexandre Baldy no cargo de ministro das Cidades. Baldy assume o posto em substituição ao deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que pediu demissão do cargo na semana passada, antecipando a reforma ministerial que deve ser feita até o final do ano pelo presidente.
A opção de Baldy no lugar do tucano tem sido destacada por interlocutores do presidente como uma escolha que ajuda a organizar parte da base. Araújo era acusado de beneficiar seu estado, Pernambuco, na distribuição de unidades do programa Minha Casa Minha Vida. Baldy já prometeu que vai redistribuir casas em benefício ao PMDB e partidos do Centrão.
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