As investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Cartão Vermelho, deflagrada na manhã desta segunda-feira (26), apontam que, além de recursos para campanha, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) recebia presentes das empreiteiras.
A operação investiga supostas irregularidades nas obras do estádio da Fonte Nova.
LEIA MAIS: Laudo confirma provas em caso de terreno do Instituto Lula
De acordo com o depoimento de delatores da Odebrecht, Wagner costumava pedir que as empreiteiras comprassem relógios, quando ele precisava presentear pessoas próximas.
“É sabido que ele tem muito interesse em relógios”, afirmou a delegada Luciana Matutino, responsável pelas investigações.
Durante a busca e apreensão na manhã desta segunda, a Polícia Federal apreendeu 15 relógios de luxo no apartamento de Jaques Wagner, no Corredor da Vitória, área nobre de Salvador.
Os relógios apreendidos serão submetidos a perícia técnica para apurar os seus respectivos valores. A PF vai apurar se os relógios de luxo foram presenteados por empreiteiras que obtiveram contratos com o governo da Bahia.
‘Guardei e não usei’, diz Wagner
Os presentes da Odebrecht a Jaques Wagner já tinham sido citados na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que informou que presenteou o ex-governador baiano com um relógio em seu aniversário. O presente teve custo estimado em US$ 20 mil.
Em entrevista à rádio “Metrópole”, em dezembro de 2016, Jaques Wagner confirmou que recebeu o relógio, mas classificou como “cretinice” o presente ter sido citado na delação do ex-executivo da Odebrecht.
“Eu achei uma cretinice dele. Se eu fiz meu aniversario, ele me deu de presente uma garrafa de vinho, uma gravata, um relógio ou uma cesta de Natal, eu não vou ficar perguntando ao cara quanto custou”, afirmou.
Wagner ainda disse não ter usado o presente dado pelos empresários: “Para dizer a verdade, eu guardei e nunca usei, eu uso outro tipo de relógio”.