Após a delação premiada do empresário Joesley Batista e intensa crise que se abateu sobre a empresa desde então, a JBS anunciou nesta terça-feira (20) um programa para vender cerca de R$ 6 bilhões em ativos.
O valor se soma ao montante de R$ 1 bilhão já anunciado com negócios da companhia feitos na Argentina, no Paraguai e no Uruguai.
De acordo com comunicado, o programa prevê a venda da participação acionária de 19,2% que a empresa tem na Vigor Alimentos e as operações da Moy Park e da Five Rivers Cattle Feeding.
Segundo a empresa, o programa de desinvestimentos tem como objetivo reduzir o endividamento líquido da companhia e fortalecer a sua estrutura financeira.
Ainda segundo o comunicado, a alienação dos ativos está sujeita à aprovação pelo conselho de administração da companhia e a anuência do BNDESPar.
A J&F, holding que congrega os negócios dos irmãos Batista – entre eles, a JBS –, também planeja se desfazer de ativos. A meta é vender pelo menos R$ 8 bilhões em ativos no curto prazo, conforme informe da agência de classificação de risco Standard & Poor’s, que atribuiu a informação à administração da empresa.
A J&F, segundo a S&P, já colocou à venda linhas de transmissão de energia e a Vigor Alimentos e estuda se desfazer ainda de Eldorado (celulose), Alpargatas (dona das Havaianas) e Flora (higiene e limpeza).
Na semana passada, a agência rebaixou a classificação de risco da J&F e de suas controladas JBS e Eldorado. A agência relatou preocupação com o impacto nos negócios da delação premiada dos donos do grupo, os irmãos Joesley e Wesley Batista, que confessaram um amplo esquema de pagamento de propina a políticos.
Na avaliação da S&P, a capacidade da holding de pagar suas dívidas está muito vinculada à venda de ativos, já que o fluxo de dividendos que recebe de suas empresas é restrito. A J&F assumiu sozinha o compromisso de pagar a multa de R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência em 25 anos, o que praticamente duplicou sua dívida.