O presidente Michel Temer pode até se queixar que Josley Batista goza impune sua liberdade em uma cobertura da Fifth Avenue, mas não pode acusar os investidores de complacência. As ações da JBS estão sendo as mais castigadas na Bolsa desde que a revelação das denúncias do seu principal executivo contra o presidente na quarta-feira (17).
A capitalização de mercado da JBS na B3 (antiga Bovespa) despencou 37% desde que as acusações foram reveladas, o que equivale a R$ 9,6 bilhões. Desde que foi deflagrada a operação Carne Fraca, da qual a JBS também foi alvo, metade do valor de mercado da companhia evaporou, em um total de R$ 16,4 bilhões — o equivalente a uma Gerdau mais do Natura ou Embraer.
Como a FB Participações, holding da família controladora, tem 44,15% das ações da empresa, os irmãos Batista perderam R$ 7,2 bilhões do seu patrimônio desde que a Carne Fraca estourou.
Apenas no pregão desta segunda-feira (22), as ações da JBS despencaram 31,3%, para R$ 5,98. No seu auge, chegaram a valer R$ 16,37. “Os investidores estão finalmente conseguindo precificar um pouco melhor os danos de imagem que a companhia está sofrendo junto ao público. Várias correntes têm circulado em redes sociais com a proposta de boicote aos produtos da JBS”, afirmou Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S.
Também pesa sobre da companhia o acordo de leniência que a JBS negocia nos EUA e no Brasil. Por aqui, o Ministério Público Federal (MPF) exigia uma multa de R$ 11 bilhões, mas a companhia se dizia disposta a pagar apenas R$ 1 bilhão.
Além disso, na sexta-feira (19), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que instaurou cinco processos administrativos para apurar possíveis irregularidades cometidas pela JBS no mercado financeiro no contexto das denúncias de seus executivos contra o presidente Michel Temer. Os processos investigam eventuais desvios como uso indevido de informação privilegiada (“insider trading”) nos mercados de câmbio e de ações.
Classificação de risco
Para piorar, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota da JBS de “Ba2” para “Ba3” e colocou todas as notas da companhia em revisão para novos downgrades. “O rebaixamento é um forte argumento para o investidor decidir fechar sua posição na companhia. Não houve hoje praticamente nenhuma força de compra nesses papéis”, acrescentou Wolwacz.
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