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Cerca de R$ 8 milhões foram pagos pela JBS a intermediários de Michel Temer – a pedido do então vice-presidente da República – entre 2010 e 2016, no período anterior ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). É o que revela o empresário Joesley Batista no anexo nove do acordo de pré-delação da JBS firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Todos os pagamentos, segundo o delator, são comprovados por notas fiscais e outros documentos apresentados aos procuradores.

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Joesley contou aos procuradores que foi apresentado a Temer entre abril e maio de 2010 pelo então ministro da Agricultura Wagner Rossi. O primeiro encontro entre o empresário e o atual presidente aconteceu em São Paulo. Eles trocaram números de celular e passaram a manter um relacionamento pautado por interesses comuns, segundo a PGR.

Logo esses interesses viriam à tona. No mesmo ano, atendendo a um primeiro pedido de Temer, Joesley disse que concordou em pagar R$ 3 milhões em propina, sendo R$ 1 milhão via doação oficial e R$ 2 milhões para a empresa Pública Comunicações. Entre agosto e setembro de 2010, em novo pedido de Temer, Joesley contou que autorizou o pagamento de mais R$ 240 mil à empresa Ilha Produções.

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Joesley contou que se reuniu com Temer em pelo menos 20 ocasiões, segundo a delação. Algumas vezes no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência em Brasília, e outras na casa do peemedebista, em São Paulo.

Quando Rossi deixou a pasta da Agricultura em agosto de 2011, Temer teria pedido a Joesley que pagasse mensalinhos de R$ 100 mil ao ex-ministro e de R$ 20 mil a Milton Ortolan, ex-secretário executivo do ministério. Os pagamentos teriam sido feitos por cerca de um ano, segundo Joesley.

Na eleição para a prefeitura de São Paulo, em 2012, o empresário relatou que Temer solicitou pagamento de R$ 3 milhões para a campanha do então candidato peemedebista Gabriel Chalita. Joesley concordou e disse que os valores foram pagos por meio de caixa 2.

Segundo Joesley, o relacionamento dele com Temer se estreitou a partir de então. Pouco antes de assumir a Presidência, no curso do processo de impeachment de Dilma, Temer teria procurado o delator, convidando-o para uma reunião no escritório jurídico do peemedebista na região dos Jardins, em São Paulo. No encontro, o presidente interino teria pedido propina de R$ 300 mil para pagar despesas de marketing político pela internet, pois ele estava sendo duramente atacado no ambiente virtual devido ao processo de impeachment. Temer orientou Joesley a fazer o pagamento a Elsinho Mouco, marqueteiro que trabalha com Temer há mais de 15 anos. O delator chamou então o emissário de Temer em sua casa e lhe entregou os R$ 300 mil em dinheiro vivo.