O empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, revelou ao presidente Michel Temer que estava “comprando” um procurador da República por R$ 50 mil mensais. Em troca, o procurador infiltrado teria passado informações sigilosas sobre investigação da qual Joesley é alvo.
GRAVAÇÃO: Ouça o áudio em que Michel Temer conversa com Joesley Batista
O procurador da República Ângelo Goulart Villela foi preso nesta quinta-feira (18), sob suspeita de vazar investigações para a JBS. Ângelo Goulart Villela era membro da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga rombo bilionário nos maiores fundos de pensão do país.
Durante a conversa, o empresário disse a Temer. “Eu tô meio enrolado aqui, né? No processo assim. Isso, isso. Investigado, não tenho ainda denúncia”, seguiu Joesley em referência ao fato de que ainda não há acusação formal contra ele.
Joesley prosseguiu. “Aqui eu dei conta de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado do juiz substituto, que é um cara que...”
“Tá segurando os dois?”, perguntou Temer.
“Segurando os dois”, respondeu o empresário.
“Ótimo, ótimo”, respondeu o presidente.
Joesley confidencia. “Eu consegui o tal do (...) dentro da força-tarefa que tá, também tá me dando informação e eu lá que eu tô para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem um cara com raiva, com não sei o que...”
O empresário continua. “O que tá me...”
“Ajudando”, completa Temer.
“O que tá me ajudando tá bom, beleza. Agora o principal que (...) tá me investigando. Eu consegui colar um no grupo. Agora eu tô tentando trocar...”, relata Joesley.
“O que está...”, diz Temer.
“Então está meio assim. Ele saiu de férias até essa semana saiu um burburinho”, conta o empresário.
Joesley diz. “Eu tô me defendendo aí.”
(...)
“Tô fazendo R$ 50 mil por mês”, relata Joesley.
“Pro garoto”, diz Temer.
“Pro rapaz (...) me dar informação”, afirma o empresário.
Goulart era integrante da equipe do vice-procurador geral Eleitoral, Nicolau Dino, e recentemente estava cedido à força-tarefa das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis, que apura crimes relacionados à JBS. Joesley Batista e outros delatores da JBS teriam entregado provas de que o procurador repassou dados sigilosos aos investigados.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu o afastamento de Ângelo Goulart Villela de suas funções no Ministério Público Federal, determinou também sua exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revogou a designação para atuar na força-tarefa da Operação Greenfield.
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