O dono da JBS, Joesley Batista, está no Brasil desde domingo (11), após chegar de viagem da China. Em nota divulgada por sua assessoria nesta terça-feira (13), ele diz saiu do país para “proteger a integridade da sua família” que sofreu “reiteradas ameaças” desde a divulgação da delação premiada que firmou com a Procuradoria-Geral da República.
“Joesley Batista estava na China – e não passeando na Quinta Avenida, em Nova York, ao contrário do que chegou a ser noticiado e caluniosamente dito até pelo presidente da República. Não revelou seu destino por razões de segurança. Viajou com autorização da Justiça brasileira”, diz a nota divulgada pelo empresário.
O comunicado informa que Joesley esteve nesta segunda-feira (12) em Brasília e nesta terça participou de encontros de trabalho em São Paulo. “Joesley é cidadão brasileiro, mora no Brasil, paga impostos no Brasil e cria seus filhos no Brasil. Está pessoalmente à disposição do Ministério Público e da Justiça brasileiros para colaborar de forma irrestrita no combate à corrupção”, acrescenta o comunicado.
Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, Joesley prestou depoimento em Brasília na Procuradoria da República dentro da Operação Bullish, que investiga irregularidades em aportes do BNDES. O depoimento foi autorizado pelo juiz Ricardo Leite. Além dele, o executivo da JBS Ricardo Saud também foi ouvido na segunda-feira.
Os dois foram chamados para explicar as informações prestadas nos termos de colaboração premiada que envolvem contas no exterior com recursos de propina supostamente destinados aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Segundo Joesley, os saldos das contas vinculadas a Lula e Dilma eram formados pelos ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema-gêmeo, que funcionava no âmbito dos fundos Petros e Funcef; que esses saldos somavam, em 2014, cerca de US$ 150 milhões.”
Em outra ocasião, em novembro de 2014, Joesley disse que “depois de receber solicitações insistentes para o pagamento de R$ 30 milhões para Fernando Pimentel, governador eleito de Minas Gerais, veiculadas por Edinho Silva (tesoureiro da campanha de Dilma em 2014), e de receber de Guido Mantega a informação de que ‘isso é com ela’, solicitou audiência com Dilma”.
“Dilma recebeu o depoente no Palácio do Planalto; que o depoente relatou, então, que o governador eleito de MG, Fernando Pimentel estava solicitando, por intermédio de Edinho Silva, R$ 30 milhões, mas que, atendida essa solicitação, o saldo das duas contas se esgotaria; que Dilma confirmou a necessidade e pediu que o depoente procurasse Pimentel”, narrou aos investigadores.
Gravação comprometeu Temer
Também nos termos da delação premiada fechada com a Justiça, Joesley acusou o presidente Michel Temer de receber propina da JBS e como prova apresentou gravação de uma conversa feita por ele com o peemedebista. No áudio, o empresário fala sobre uma suposta mesada paga ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para mantê-lo em silêncio e sobre a “compra” de dois juízes e um procurador.
O Supremo Tribunal Federal (STF) instaurou inquérito contra Temer por suposto crime de corrupção, organização criminosa e obstrução à Justiça.
Com o acordo de colaboração, Joesley conseguiu imunidade penal no inquérito e não precisará passar nem um dia sequer na cadeia. Por isso, pode circular livremente pelo país, bem como viajar para qualquer lugar do mundo sem ser incomodado.
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