O juiz federal Marcos Josegrei, da 14.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, condenou nesta quinta-feira (4) oito réus da Operação Hashtag por organização terrorista. Os réus haviam sido presos pela Polícia Federal em julho do ano passado, acusados de ligação com o Estado Islâmico e de planejar um atentado terrorista durante a Olimpíada do Rio de Janeiro, realizada em agosto de 2016. Todos os condenados estão presos na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).
Leonid Melo foi condenado por Josegrei à maior pena entre os acusados: 15 anos, 10 meses e cinco dias de regime fechado por promoção de organização terrorista, recrutamento com propósito de praticar atos de terrorismo e associação criminosa.
Desprezo aos “infiéis”
Segundo Josegrei, Leonid Melo “é eloquente, possui conhecimento da língua árabe e de fragmentos importantes dos ensinamentos da religião muçulmana. Mostrou-se o tempo todo impositivo perante os demais. Em diversas ocasiões revelou ter jurado fidelidade ao Estado Islâmico. Reiteradamente demonstra desprezar todas as instituições que pertencem àqueles que pejorativamente chama de ‘infiéis’. Propõe mais de uma vez a aquisição de armas de forma compartilhada por todos os integrantes do grupo para que agissem em favor da ‘causa’ utilizando-se do armamento”.
Os réus Alisson de Oliveira, Oziris Azevedo, Levi de Jesus, Israel Mesquita, Luís Gustavo de Oliveira e Hortêncio Yoshitake foram condenados a mais de 6 anos de prisão em regime fechado. Já Fernando Cabral foi condenado a 5 anos e 6 meses de prisão.
Alisson de Oliveira foi apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como líder secundário da organização terrorista. “Leonid e Alisson, nessa ordem, tinham papel fundamental na cooptação/convencimento de pessoas para seguir a visão deturpada que grupos terroristas pregam em relação ao islamismo, notadamente para o apoio e/ou promoção de ações violentas praticadas em detrimento daqueles que ousam pensar e agir de forma diversa”, diz Josegrei na sentença.
Prisão mantida
Josegrei determinou ainda que Leonid Melo, Alisson Oliveira, Luís Oliveira e Fernando Cabral não poderão apelar da sentença em liberdade. O juiz sustentou a prisão preventiva com base no artigo do Código de Processo Penal que determina que “a prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”.
Os oito condenados por Josegrei viraram réus em setembro do ano passado. Em março deste ano, a Polícia Federal indiciou outras oito pessoas na Operação Hashtag.
Célula paranaense
O julgamento do grupo terrorista foi realizado em Curitiba porque a Operação Hashtag foi conduzida oela Polícia Federal (PF) a partir da capital paranaense. O líder do grupo é de Curitiba. Além do Paraná, a operação, que envolveu 130 policiais, foi realizada nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
As investigações havia começado em abril do ano passado, com o acompanhamento de redes sociais por parte de policiais da Divisão Anterrorismo da PF (DAT) e contou com a cooperação de serviços de inteligência de outros países. Os envolvidos participavam de um grupo virtual denominado Defensores da Sharia e planejavam adquirir armamentos para cometer crimes no Brasil e no exterior.
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