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| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

A Justiça Federal aceitou nesta quinta-feira (21) quatro denúncias oferecidas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 34 pessoas acusadas de integrar cinco núcleos criminosos voltados à lavagem de dinheiro investigados pela Operação Hammer-On.

Segundo o MPF, os agora réus teriam se associado para disponibilizar contas e empresas de fachada em Curitiba e Foz do Iguaçu para ocultar e enviar ao exterior dinheiro fruto de crimes – incluindo descaminho, contrabando e tráfico de drogas. Cerca de R$ 2,5 bilhões teriam sido movimentados por esses grupos desde 2008.

Os cinco núcleos da suposta organização criminosa identificada pelo MPF atuariam em conjunto, disponibilizando as contas bancárias de suas empresas de fachada para a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros.

Eles também teriam usado a conta de empresas existentes, incluindo postos de gasolina e churrascarias de Curitiba e Foz, de propriedade de parentes e amigos dos réus, para esse tipo de operação. A finalidade do serviço era ocultar a origem ilegal desse dinheiro – algo similar à investigação que deu origem à Operação Lava Jato.

Os recursos manejados teriam sido transferidos entre as centenas de contas bancárias de maneira a despistar as transações e, ao mesmo tempo, concentrar o montante em um banco, dependendo da facilidade encontrada em cada agência bancária para posterior disponibilização dos valores.

De acordo com o MPF, a primeira fase da Operação Hammer-On foca apenas nos líderes de quatro dos cinco núcleos do suposto grupo criminoso. As denúncias foram oferecidas na última segunda-feira (18).

Operação rastreia dinheiro “sujo”

A Operação Hammer-On foi deflagrada em agosto desse ano. “Trata-se de um grupo de pessoas que se especializou em fazer o dinheiro de criminosos brasileiros chegar para criminosos do Paraguai”, disse, na ocasião, o delegado da PF Jackson Cerqueira Filho.

O dinheiro “sujo” era creditado em contas de empresas controladas pela organização criminosa, na maioria fantasmas, e depois enviado para o exterior de duas formas: por um sistema internacional de compensação paralelo, sem registros oficiais, conhecido como “dólar-cabo”, ou então por ordens de pagamento internacionais emitidas por instituições financeiras brasileiras (duas delas já liquidadas pelo Banco Central) com base em contratos de câmbio fraudulentos.

Para legalizar as operações e justificar o pagamento aos grandes fornecedores, postos de gasolina faziam contratos falsos com importadoras de fachada. “Toda a saída de dinheiro do Brasil para o exterior acima de R$ 10 mil precisa ser justificada. Para fugir disso, e até para não correr o risco de ter o dinheiro roubado caso estivesse circulando pela fronteira fisicamente, as organizações contavam com estas importadoras fantasmas”, disse o delegado.

Segundo a PF, a operação foi um desdobramento das operações Sustenido e Bemol, deflagradas em 2014 e 2015 pela PF e Receita Federal em Foz do Iguaçu.

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