O rompimento de barragens da Vale no Córrego do Feijão, no município de Brumadinho (MG), provavelmente irá causar ambientais em um dos mais importantes rios brasileiros: o Rio São Francisco.
O Rio Paraopeba, atingido por lama e resíduos contaminados com a destruição, é um dos afluentes do São Francisco. “Vai atingir, a não ser que volume de lama fosse pouco. O rio tem velocidade e vai chegar”, explicou à Gazeta do Povo o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) na região do Rio Paraopeba, Winston Caetano de Souza.
Segundo o especialista, na região do desastre de Brumadinho há duas barragens que podem ajudar na contenção. “Temos uma barragem na Hidroelétrica de Retiro Baixo, em que vão tentar reter o máximo [de lama]”, afirma. Essa barragem está entre municípios mineiros de Curvelo e Pompéu.
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Ele explica ainda que a grande preocupação fica no entorno de Três Marias, a cerca de 300 km do rompimento. “Chegando ao São Francisco, segue até o montante da barragem de Três Marias, e ali não tem condições de segurar muita coisa”, afirma Caetano de Souza. Já foi emitido um estado de alerta pela Defesa Civil para a região.
A perspectiva do CBHSF é que a lama chegue no município de Paraopeba, a 170 km de Três Marias, já nesta madrugada.
Chuvas podem acelerar o problema
Neste sentido, o problema é o volume de rejeitos de mineração. Uma barragem que rompeu do Córrego do Feijão é chamada de Barragem 6 e ultrapassa 1 milhão de metros cúbicos, segundo o Ibama. Outra barragem que pode estar comprometida é a Barragem Menezes 2, com 290 mil de m³. A maior delas, a Barragem 1, tem 12,7 milhões m³. Esta última foi construída em 1976 e não recebia mais rejeitos desde 2014, segundo a Vale.
Neste sentido, volume de chuvas pode ser determinante para a contaminação. “Como o rio desce (segue em direção ao norte mineiro), se tivermos chuvas, pode ‘liberar’ [a contaminação do rio], que vai indo até a Bahia”, destaca o presidente do comitê, que também é técnico ambiental.
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Na pior das hipóteses, o lodo pode caminhar até ‘bater no mar’, o que acontece no final do curso do rio, que divide os estados de Sergipe e Alagoas. Contudo, as dimensões reais do problema só devem ser conhecidas melhor na próxima semana, conforme o analista.
“Estamos fazendo o monitoramento da água para ter noção dos estragos. Só depois poderemos ter a avaliação com relação ao meio ambiente”, diz.
Perdas agropecuárias
Além de ocasionar transtornos e já estar confirmado o desaparecimento de pelo menos 200 pessoas, a região em que o rio se encontra é rica em áreas pesqueiras e de criatórios de peixes, e no baixo Paraopeba possui produção agropecuária intensa. Com isso, cria-se outro problema: as perdas em lavouras, criação pecuária e de peixes, o que deve impactar fortemente a economia da região.
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