A operação Lava Jato chegou a 42ª fase na manhã desta quinta-feira (27). Agentes da Polícia Federal (PF) cumprem três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão na operação Cobra. Os alvos da operação são Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, e André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Jr, suspeitos de serem os operadores financeiros que operacionalizarem o recebimento de R$ 3 milhões de reais em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobras. Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária no Distrito Federal, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
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Aldemir Bendine comandou o Banco do Brasil (BB) entre abril de 2009 e fevereiro de 2015 e também presidiu a Petrobras entre fevereiro de 2015 e maio de 2016. Bendine e os operadores foram presos nesta manhã. O nome desta fase é uma referência ao codinome dado ao principal investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no setor de operações estruturaras da Odebrecht. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), que requisitou as prisões, sustenta que há evidências que indicam um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões feito por Bendine, à época presidente do BB, para viabilizar a rolagem da dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial. No acordo de colaboração premiada, Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht, disseram que negaram o pagamento por entender que Bendine não tinha capacidade de influenciar nesse contrato.
As provas
De acordo com a PF, também há provas de que Bendine voltou a pedir propina à Odebrecht às vésperas de assumir o comando da Petrobras. Nesse caso, o pedido foi feito para que o grupo Odebrecht não fosse prejudicado na estatal, inclusive em relação às consequências da Lava Jato. O segundo pedido deu resultado e foi acertada propina no valor de R$ 3 milhões. O pagamento foi em espécie, dividido em três entregas de R$ 1 milhão cada, em São Paulo, entre junho e julho de 2015. Tudo foi feito pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o setor de propinas da empreiteira.
Além das colaborações premiadas, outras informações sobre esse caso foram levantadas na 26ª fase da Lava Jato, a operação Xepa, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Neste ano, um dos operadores financeiros que trabalhava com Bendine confirmou o pagamento dos R$ 3 milhões, mas tentou vinculá-lo a uma suposta consultoria prestada à empreiteira para facilitar o financiamento com o Banco do Brasil.
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A investigação comprovou que a empresa usada por esse operador era de fachada. Também não havia documentos ou materiais que comprovassem a realização do serviço de consultoria, tampouco explicação sobre a destinação de valores, a forma como foram recebidos e a ausência de contrato para um trabalho milionário – que inicialmente seria de R$ 17 milhões, mas acabou ficando por R$ 3 milhões.
Para fingir que o pagamento era legal, e por saber das investigações, esse operador financeiro decidiu recolher os tributos relacionados à essa consultoria cerca de dois anos após os pagamentos. O MPF sustenta que já indícios de que a documentação foi forjada para “ludibriar e obstruir as investigações”.
O esquema foi desvendado também com a análise de ligações telefônicas, identificação de hotéis em que foram realizadas reuniões secretas, extratos de cartões de créditos que mostravam encontros em restaurantes, entre outros.
Procuradores criticam “audácia de criminosos”
Em material divulgado à imprensa, procuradores da força-tarefa da Lava Jato no MPF criticaram a “audácia dos criminosos”. Para o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, “é incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira”. Outra procuradora lembrou do trabalho de combate à corrupção. “Pregar o fim da Lava Jato é defender a liberdade para os ladrões do dinheiro público prosseguirem. Se queremos um Brasil com menos corrupção, é preciso ir até onde eles foram e estão dispostos a ir”, disse a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili.
Já o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, afirmou se preocupar com o “arrefecimento do investimento” na operação pela PF. “Das últimas sete operações da Lava Jato, seis foram pedidas pelo Ministério Público. É preciso preservar o trabalho da Polícia Federal nas investigações. O Ministro da Justiça e o Delegado-Geral têm poder e a consequente responsabilidade sobre o tamanho do efetivo, que foi reduzido para menos de metade”, observou.
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