O delegado de Polícia Federal Filipe Hille Pacce afirmou nesta quarta-feira, 5, que a Operação Lava Jato apura se o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o primeiro delator da investigação, omitiu fatos relativos a outros capítulos do esquema de corrupção e cartel na estatal. A Operação Sem Limites, fase 57 da Lava Jato, investiga gigantes do mercado internacional de petróleo por suspeita de pagamento de propinas milionárias a executivos da Petrobras em troca de vantagens na aquisição de derivados.
“O curioso é que o Paulo Roberto Costa não narrou esse esquema no momento da sua colaboração. Se tivermos indícios de omissões dolosas, terá que haver talvez alguma medida contra ele, ouvido novamente. É uma questão que vai ser objeto de diligência aqui nesta investigação”, declarou o delegado da PF.
Paulo Roberto Costa chefiou a diretoria de Abastecimento entre 2004 e 2012.
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O engenheiro foi o primeiro delator-bomba da Lava Jato. Em março de 2014, quando a grande operação saiu às ruas pela primeira vez, ele foi preso por ordem do então juiz federal Sérgio Moro. Os investigadores descobriram US$ 23 milhões de Paulo Roberto em contas na Suíça.
Em agosto de 2014, ele firmou acordo de colaboração e revelou bastidores do esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras. Apontou nomes de deputados e senadores que teriam recebido propinas.
“Eventualmente, se caracterizada a omissão dolosa em relação a esse ponto, ele perde os benefícios do acordo. Isso será apurado, aprofundado nas investigações e as medidas, se necessárias, serão adotadas”, afirmou o procurador da República, Athayde Ribeiro Costa.
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A Lava Jato suspeita que, entre 2011 e 2014, as empresas Vitol, Trafigura e Glencore pagaram propinas para intermediários e funcionários da Petrobras nos montantes, respectivamente, de US$ 5,1 milhões, US$ 6,1 milhões e US$ 4,1 milhões, relacionadas a mais de 160 operações de compra e venda de derivados de petróleo e aluguel de tanques para estocagem.
A Sem Limites apura o pagamento total de pelo menos US$ 31 milhões em propinas para funcionários da Petrobras, entre 2009 e 2014.
Os investigadores da Lava Jato afirmam que os subornos beneficiavam funcionários da gerência executiva de Marketing e Comercialização, subordinada à diretoria de Abastecimento. Segundo o Ministério Público Federal, as operações de trading e de locação que subsidiaram os esquemas de corrupção foram conduzidas pelo escritório da Petrobras em Houston, no estado do Texas, EUA, e pelo centro de operações no Rio de Janeiro.
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No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) já pediu a Moro que suspendesse os benefícios da delação de Costa. A força-tarefa alegava que o ex-diretor da Petrobras mentiu em sua delação premiada e pedia a condenação dele em um processo ao qual ele respondia com sua família. Em agosto deste ano, Moro condenou as filhas e o genro de Costa, mas manteve os benefícios das delações firmadas pela família, apesar de terem mentido nos depoimentos.
Paulo Roberto Costa deixou a prisão ainda em 2014, depois de firmar o acordo, e passou a usar tornozeleira eletrônica. Em novembro de 2016, o ex-diretor da Petrobras terminou de cumprir a pena em prisão domiciliar prevista na negociação e tirou a tornozeleira.
Outro lado
A reportagem está tentando localizar os citados e deixou o espaço aberto para manifestação.
O advogado João Mestieri, que defende Paulo Roberto Costa, manifestou-se da seguinte maneira: “O Sr. Paulo Roberto Costa narrou de forma ampla e irrestrita todos os fatos dos quais teve conhecimento, sendo inquestionável a total eficácia da sua colaboração.”
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