Celso Amorim, chanceler no governo Lula, diz que combater a corrupção é necessário, mas que a Lava Jato se desenvolveu como um projeto da direita. Cotado como candidato do PT ao governo do Rio, afirma que os escândalos no Brasil não são diferentes dos que ocorrem pelo mundo.
Qual legado a Lava Jato deixa para o país?
Um legado de grande perplexidade. Acho que se perdeu uma boa oportunidade. Combater corrupção é muito certo, mas fazer do combate à corrupção um instrumento para derrotar um projeto político foi muito errado.
O sr. acredita na ideia de que a Lava Jato foi um projeto da direita?
Não sei como nasceu, mas do jeito que foi desenvolvida, sim. Dos interesses conservadores, que eram contra a exploração do pré-sal pelo governo brasileiro, contra o desenvolvimento da energia nuclear no Brasil.
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A esquerda acabou deixando para a direita a bandeira anticorrupção?
Que direita? A direita é que tem as malas de dinheiro no apartamento do cara que até pouco tempo era homem de confiança do Temer.
Mas parece ser a direita que consegue capitalizar em cima do discurso.
A extrema direita está capitalizando. Como não governou, não tem tanta acusação desse tipo, embora seu jornal tenha feito revelações interessantes. A pessoa é contra a corrupção, mas é a favor de dizer que uma mulher não merece ser estuprada? Para mim era caso de prisão, se o Brasil fosse coerente na defesa dos direitos humanos.
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Qual posição geopolítica o Brasil ocupa hoje?
Nenhuma. Bom, tem o mapa, né. É muito grande, então as pessoas obviamente têm interesse. Uma espécie de parque temático... O chinês investe em eletricidade, o americano investe nisso (...) Cada um vai pegar seu brinquedinho e o povo brasileiro vai ficar chupando dedo.
Os escândalos na Petrobras mancharam a imagem do Brasil perante o mundo?
Os escândalos são lamentáveis, mas não são diferentes de escândalos que ocorreram em outros países. Temos um outro problema que é o complexo de vira-lata.
O sr. já se coloca como candidato ao governo do Rio de Janeiro?
Não, não me apresentei ainda.
Existe vontade.
Eu quero contribuir para um projeto nacional progressista, que se chama atualmente Luiz Inácio Lula da Silva, porque ele tem essa capacidade de comunicação com o povo que é a única coisa que dá força suficiente para enfrentar o poder econômico nacional e internacional e também a grande mídia. Por outro lado, obviamente, eu moro no Rio, cresci no Rio, e se puder ajudar o Rio de Janeiro também vou ajudar.
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