Protesto da FAP/DF no aeroporto de Brasília, em 31 de janeiro| Foto: Jéssica Sant’AnaGazeta do Povo

Com a reforma da Previdência prestes a ser encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional, associações ligadas a aposentados, servidores e pensionistas começam a se organizar em Brasília para pressionar os parlamentares contra o projeto. Elas questionam a existência do déficit do sistema previdenciário e discordam de medidas que devem estar no texto, como idade mínima igual para homens e mulheres, contribuição de servidor público aposentado e adoção do regime de capitalização. 

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Um primeiro ato, ainda que pequeno, pode ser visto na posse dos parlamentares. Na quinta-feira (31) à noite, a Federação dos Aposentados e Pensionistas do Distrito Federal (FAP/DF) e o Movimento Nacional dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas (Mosap) levaram faixas ao Aeroporto Internacional de Brasília para receber os novos parlamentares. As mesmas faixas foram usadas em frente ao Congresso no dia seguinte, a sexta-feira (1.º) de posse dos deputados e senadores.  

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Ambas as faixas davam boas-vindas aos novos políticos e traziam frases como: “A Previdência não é deficitária. Somos contra a reforma da Previdência”; “O servidor público não é o vilão”; “Pedimos uma reforma justa. Queremos participar do debate”. 

Faixa da Mosap em frente ao Senado no dia da posse dos parlamentares 

Movimentos devem crescer

Movimentos como esses devem crescer assim que a reforma começar a tramitar na Câmara dos Deputados, o que está previsto para até o fim deste mês. A FAP/DF já começou a ir até os gabinetes dos parlamentares para tentar sensibilizá-los de suas demandas. O Mosap, que reúne dezenas de entidades associadas, deve se reunir na próxima semana para discutir uma estratégia de mobilização.  

E, segundo João Pimenta, presidente da FAP/DF, as centrais sindicais estão preparando um ato em Brasília e em outras capitais para os dias 20, 21 e 22 de fevereiro contra a retirada de direitos. As datas podem coincidir com o envio da reforma da Previdência ao Congresso, já que o governo fala em enviar a proposta até a terceira semana de fevereiro. “Queremos que o governo não passe com um rebolo em cima da gente, fazendo essa aprovação [da reforma] da noite pro dia”, diz Pimenta.  

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O que reivindicam as associações 

O presidente do Mosap, Edison Haulbert, afirma que não é contra toda a reforma da Previdência, mas sim alguns pontos dela. O principal seria a manutenção da contribuição previdenciária a servidores aposentados que recebem acima do teto estabelecido, hoje em R$ 5.839,45. A alíquota cobrada é a mesma do servidor na ativa.  

Essa obrigatoriedade de contribuição foi estabelecida em Emenda Constitucional de 2003, durante o primeiro governo Lula, que mudou diversas regras para a aposentadoria do setor público. O caso já foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2005, decidiu que a exigência de contribuição previdenciária dos pensionistas e aposentados do regime público “não viola as garantias e direitos fundamentais porque a medida apoia-se no princípio da solidariedade e no princípio de equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário”.  

Haulbert discorda da Corte superior e entende que trata-se de uma injustiça, já que para a iniciativa privada não há desconto do INSS após a pessoa se aposentar. “São 12 anos de contribuição injusta. Reivindicamos o fim da contribuição, sem pedir retroatividade”, diz o presidente do Mosap. “É uma injustiça que vai continuar se permanecer [na reforma do novo governo].”  

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Ele também é contra aumentar a alíquota de contribuição para o servidor da ativa e igualar a idade mínima de aposentadorias de homens e mulheres. 

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João Pimenta, presidente da FAP/DF, tem posicionamento semelhante. “Ainda hoje existem muitos pobres no país, que começam a trabalhar aos 16 anos. Eles vão ter que trabalhar 50 anos para conseguir se aposentar? Isso não é justo”, diz ao se referir a possibilidade de o governo implantar idade mínima de 65 anos para se aposentar, independentemente de tempo de contribuição e sexo.  

Pimenta diz, ainda, ser contra o regime de capitalização, em que o trabalhador recolhe para uma conta individual sua, e não mais para bancar todo o sistema, como é hoje. “Somos contra o regime de capitalização, porque no país nós não temos instituições sérias e a gente não sabe como vai funcionar isso e nem tão pouco daria para a gente ter uma renda condizente contribuindo com 10%”. 

Tanto a FAP quanto o Mosap defendem que o governo mexa com os privilégios que são dados a alguns setores. Eles dizem que é preciso cobrar as empresas inadimplentes e acabar com a desoneração da folha de pagamentos e com o perdão de dívidas para as prefeituras e empresas.