Gravações entre Ricardo Saud, do grupo J&F, e Rodrigo Rocha Loures (PMDB), preso desde sábado em Brasília, mostram que o ex-assessor do presidente Michel Temer sugeriu um “Edgar” para a retirada de R$ 500 mil já que “todos os outros caminhos estavam congestionados”.
No áudio, colhido pela Polícia Federal, Loures diz: “Vou pedir para o Edgar primeiro, consultar com ele e ver se o procedimento pra ele. Ele fica em São Paulo e faz a gerência”.
O “Edgar” também apareceu na 47ª das 82 perguntas da PF enviadas na terça-feira passada a Temer: “Vossa Excelência tem alguém chamado ‘Edgar’ no universo de pessoas com quem se relaciona com certa proximidade?”, perguntou a PF.
Sua identidade foi revelada ontem pelo site Antagonista. Trata-se de Edgar Santos Neto, citado na delação do ex-diretor da Odebrecht José de Carvalho Filho como o operador do PMDB que recebeu propina destinada a Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil e braço direito do presidente Michel Temer. Segundo Carvalho Filho, Edgar Santos, “ligado ao partido (PMDB)”, foi indicado para receber R$ 2 milhões.
Para não retirar o dinheiro em espécie, Loures sugeriu a emissão de notas fiscais, mas Saud disse que não poderia deixar rastros. “O negócio está bom. Semana que vem, tem um milhão e meio. Podemos fazer a nota, mas quanto ia dar de imposto? 300 paus. Ou então, pra mim, se esse Edgar for um cara confiável, o melhor jeito sabe qual é? Ele vai lá no estacionamento. Já foi lá, né?”
O estacionamento fica na escola de um projeto social da J&F. No mesmo lugar, a irmã do corretor Lúcio Funaro foi filmada retirando R$ 400 mil do porta-malas de um carro.
Saud indaga: “É o Edgar que trabalha para o presidente? Bom, se é da confiança do chefe, não tem problema”. E Loures responde: “Você não conhece e ele também não te conhece”.
Apesar das indicações, o então deputado encontrou-se com Saud em São Paulo. No vídeo, gravado em ação controlada pela PF, Saud afirmou a Loures: “Já tenho 500 mil. E semana tem mais 500. Então você tem um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com ele”.
O advogado de Loures, Cezar Bitencourt, afirmou que vai se manifestar após ter acesso ao material da PF. O Palácio do Planalto não respondeu à reportagem.
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