Ministro Edson Fachin, que autorizou a prisão de Rocha Loures, destacou que o ex-deputado tinha poder de influenciar autoridades.| Foto: Lula Marques/AGPT

O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, disse que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) e ex-assessor do presidente Michel Temer usou estratégias nada compatíveis com o cargo que exercia. “O agente aqui envolvido teria encontrado lassidão em seus freios inibitórios e prosseguiria aprofundando métodos nefastos de autofinanciamento em troca de algo que não lhe pertence, que é o patrimônio público”, assinalou o ministro. Ao decretar a prisão preventiva de Loures – capturado na manhã deste sábado (3), em Brasília –, Fachin apontou para conduta gravíssima do ex-deputado. O ministro considerou que Loures em liberdade representa um risco para a investigação.

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Loures foi flagrado em abril correndo por uma rua de São Paulo carregando uma mala estufada de propinas da JBS – R$ 10 mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil. Ao requerer a prisão de Loures, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atribuiu a ele o papel de homem de total confiança do presidente. Segundo Janot, o ex-assessor é um verdadeiro “longa manus” de Temer – termo comumente usado na relação hierárquica de organização criminosa, o longa manus executa ordens do topo.

O argumento central do procurador ao reiterar a necessidade de custódia preventiva de Loures é que ele perdeu a imunidade parlamentar. Com o retorno do deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR) à Câmara, após ser demitido do cargo de ministro da Justiça, Loures ficou vulnerável – perdeu a cadeira de parlamentar e o foro privilegiado.

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Ao mandar prender o ex-assessor de Temer, o ministro do Supremo anotou: “Sob essa ótica, é gravíssima a conduta narrada na inicial, considerando-se os valores em pauta e o poder de influência das autoridades envolvidas”, seguiu o ministro. “Tratando-se o deputado federal Rodrigo Santos da Rocha Loures de político com influência no cenário nacional, até pouco tempo assessor do presidente Michel Temer, pessoa de sua mais estrita confiança, como declarado em áudio captado por Joesley (Batista, da JBS), revelam-se insuficientes para a neutralização de suas ações medidas diversas da prisão. Não se deixa, sem embargo, de lamentar que se chegue a esse ponto.”

Para Fachin, o teor dos indícios colhidos demonstra efetivas providências voltadas ao embaraço das investigações, de modo que não é difícil deduzir que a liberdade do representado põe em risco, igualmente, a apuração completa dos fatos.